Eliezer Berenstein é o cientista de TPM > Trabalho e teoria

Bolsa de Mulher – Como foi sua trajetória no tema TPM?

Eliezer Berenstein – Começa com minha experiência pessoal com a minha mulher e a minha filha de dezoito anos, que há seis tem TPM grave de adolescência. Foi uma questão de sobrevivência (Risos). Eu faço a parte psicossomática feminina na faculdade há 25 anos e comecei a relacionar psiquismo aos hormônios através da depressão pós parto.

BM – Como o senhor sobrevivia em casa com as mulheres em TPM?

EB – Foi quando eu comecei a desenvolver a questão da inteligência hormonal. Desenha um triângulo e coloca em cima a esquerda o QI ao lado o QE e no vértice final QH. Se nossas moléculas influenciam nosso pensamento, nosso pensamento influencia nossas moléculas. Quando você está feliz produz serotonina, quando não produz fica triste. Então estou desenvolvendo uma teoria de que você, pela emoção e pela razão, poderia influenciar seus hormônios em vez de fazer uma terapia de imposição hormonal. Eu acho que a reposição é imposição da indústria farmacêutica.

BM – Mas como você sobrevivia em casa no convívio com a esposa e a filha?

EB – Dentro de casa eu apelava pro racional. Promovia um processo de auto- conhecimento, auto-consciência e auto-transformação. Da tua auto-observação você ganha auto-conhecimento, da literatura você ganha conhecimento e pelas tuas atitudes você consegue transformações. Você vai mudar seus hábitos de vida para não remar contra a maré. Aí você pega e faz uma linha QH——-QI———QE e transforma agora aquele triângulo anterior numa coisa fisiológica, antes estavam em oposição. Isso é geometria.

BM – Esse é um raciocínio bem masculino.

EB – É mais acho que foi meu lado mulher que criou (Risos). Tem uma frase que eu falo muito que é: “Quem quer curar os males do mundo sem antes curar os próprios somente multiplicará os males que se propõe a curar.”

BM – O senhor faz muitas palestras em empresas?

EB – Bastante. Eu gosto muito, feminólogo tem dessas coisas, gostar de falar.

BM – Quando o senhor começou esse trabalho?

EB – Há 23 anos. O livro do Daniel Colleman (Inteligência Emocional) foi um grande avanço que eu recebi. Eu não tinha ainda elaborado minha teoria, mas já a percebia, quanto li o livro do Colleman fechou. Hoje eu sei que as empresas que estão usando só o livro do Colleman esquecem ou não sabem nada sobre inteligência hormonal.

BM – Existe resistência a sua teoria?

EB – Quando as pessoas pegam parte dela, com certeza não conseguem ver o todo. Na medida em que passam a ver mais amplo, perceber o lado sociológico, econômico, médico, as pessoas passam a concordar. Todo novo oferece a resistência que eu estou recebendo. Os outros médicos do meu meio estão me respeitando, me ouvindo, tenho acesso a um grande meio médico que está sendo bastante atento para as coisas, com exceção de algumas pessoas bastante cartesianas, acho até um pouco anti-feministas, mas no geral, principalmente quando todos nós estamos tentando nos convencer será que é isso mesmo que temos que fazer pelas mulheres? Flores de plástico não transformam um deserto num jardim.

BM – Quantos mulheres trabalham aí na TPM Clinic?

EB – Somos sete mulheres, meu lado feminino está identificado aí (Risos) Olha que sou gaúcho lá de Passo Fundo, não perdi meu lado masculino, não.