Nessa linha, o Dr. Robert Sokol, do Instituto Nacional de Abuso do Álcool, de Detroit, mostrou que são as bebedoras moderadas e não as abstêmias as que têm as melhores chances de ter um bebê com um peso ótimo. Em seu livro “O Álcool e o Feto”, os médicos Henry Rosset e Lynn Wiener fornecem dados demonstrando que filhos de bebedoras moderadas têm conseguido as notas mais altas nos testes de desenvolvimento (na faixa de 18 meses de idade).
Apesar de todas essas descobertas, o governo norte-americano, a Associação Médica Americana, a Associação Médica Britânica e a grande maioria dos médicos americanos e ingleses continuam a recomenda a completa abstenção do vinho, cerveja e destilados durante a gravidez. “É que esse é um debate tão emocional, ideológico e político quanto médico”.
A jornalista Katha Pollit, do The Nation, observa que “todas essas advertências permitem que o governo apareça como preocupado com nossos bebês – sem que tenha que gastar dinheiro ou mudar suas prioridades ou desafiar interesses velados”.
Voltamos ao editor do Wine Spectator, Thomas Matthews. “É importante perguntar: é arriscado se comparado a quê?” Num livro recente, “Os mitos da maternidade”, Shary Turner, sua autora, indica que o álcool é o único fator de risco lembrado às grávidas. “E a cafeína, o chocolate, as drogas para resfriados, o esmalte para unhas, as ostras cruas, as loções bronzeadoras? Tudo isso pode fazer mal ao feto”.
Muitas vezes é o excesso de trabalho que vai prejudicar a gestação e não uma tacinha de vinho
Não há 100% de certeza sobre a matéria e muitos continuam a insistir que a abstinência total é o melhor remédio. Outros, porém, acham ilógica essa atitude e concluem que os riscos e benefícios associados com o consumo moderado de vinho se comparam, favoravelmente, à maioria das outras atividades do nosso dia-a-dia.
“Uma ou duas taças de vinho por dia podem ser parte de um estilo de vida saudável para a maioria das pessoas, inclusive para as grávidas”, afirmarm os médicos Whiteen e Lipp. Os ginecologistas e pesquisadores israelenses, Howard Carp e Martha Direnfeld também acham que as mulheres que já bebiam moderadamente antes da gravidez “não estarão colocando seus fetos em risco se continuarem da mesma maneira durante a gestação”.
Daniel Rogov, cujo artigo é base dessa coluna, é o crítico de vinho e gastronomia do HaAretz, importante jornal israelense. É autor do Guia Rogov de Vinhos de Israel e um contribuinte regular do Wine Report de Tom Stevenson e do Guia de Vinhos de Bolso de Hugh Johnson, o famoso crítico inglês. Visite o site dele na internet aqui.
Claro que mais adiante publicarei algumas das contestações ao artigo de Rogov. Mas deixo aqui a minha posição. Fico com a sugestão de Jancis Robinson no artigo da Wine Spectator que citamos acima: “Deixem as mulheres decidir sobre vinho e gravidez”. Muitas vezes é o excesso de trabalho que vai prejudicar a gestação e não uma tacinha de vinho.
E você, leitora, qual a sua posição? Escreva aqui para o Bolsa ou para a Soninha no [email protected]





