Voltemos ao artigo do Daniel Rogov. Ele não questiona o fato de que o consumo de grandes quantidades de álcool durante a gravidez pode prejudicar o feto. “Está provado, por exemplo, que filhos de mulheres que bebem mais de três ou quatro taças de vinho diariamente seus bebês nascem com pesos e tamanhos menores que as que bebem de uma a duas taças por dia. Além disso, tem-se como certo que ao tomar diariamente cinco ou mais taças de vinho (uma garrafa, praticamente) a gestante coloca o feto em perigo”.
Genevieve Knupfer, do Grupo de Pesquisa sobre o Álcool da Universidade de Berkeley, na Califórnia, observa que muito do que se fala deriva de estudos utilizando metodologia imprecisa. Em várias pesquisas, por exemplo, os pesquisadores definiram “bebedoras pesadas” como aquelas mulheres que consumiam mais de uma taça por dia.
Essa observação é confirmada pelo Dr. Michael Samuels, do New York City’s Doctor’s Hospital. “Há muita informação foi distorcida com o objetivo de assustar as mulheres”. O médico revela que nascimentos com defeitos de qualquer natureza ocorrem em 3 a 5% dos bebês nascidos nos Estados Unidos. E somente de 1 a 2% tem relação com o álcool.
Com base nos números do Dr. Samuels e de outros pesquisadores, Daniel Rogov conclui que menos de 0,1% de todos os nascimentos defeituosos estão relacionados com o álcool e que mais de 90% das crianças afetadas são nascidas de mães com uma história de abuso de álcool.
O autor aponta ainda o fato de que nenhum estudo feito a partir de meados dos anos 80 conseguiu demonstrar a correlação direta entre consumo moderado de álcool e nascimentos problemáticos. Um desses estudos, englobando 33.300 mulheres da Califórnia, demonstrou que mesmo que 47% delas bebessem moderadamente durante a gravidez nenhum de seus bebês ficou dentro do perfil da Síndrome Fetal do Álcool. Os autores desse estudo concluíram que “o álcool em níveis moderados não é uma causa significante de má-formação em nossa sociedade e que é completamente injustificada a posição de que há perigo em se beber moderadamente”.
Ao contrário. Alguns estudos até indicam que beber moderadamente pode, na verdade, resultar em gestações de sucesso. É o caso de um estudo publicado em 1993 na “American Journal of Epidemiology”, por Ruth Little e Clarence Weinberg. As duas concluíram, por exemplo, que o número de perdas de fetos em razão de partos prematuros em mulheres que bebiam de forma moderada era bem menor. E mais: algum álcool pode até servir de proteção contra nascimentos prematuros. Isso foi confirmado pela Dra. Martha Direnfeld, da Universidade de Haifa, Israel. Ela nota que, quando utilizado apropriadamente, o álcool é sabidamente uma ajuda para interromper contrações uterinas indesejadas e, assim, “salvar muitas gestações que poderiam ser espontaneamente abortadas”.





