Nosso cérebro trata rejeição como se fosse uma dor física, mostra estudo

Quando experimentamos uma dor física, nosso cérebro libera no espaço vazio entre os neurônios opioides químicos que “amortecem” os sinais de sofrimento. Curiosamente, o mesmo processo ocorre quando vivemos uma rejeição social.

Foi o que descobriu um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Os dados da pesquisa foram apresentados pela instituição em outubro de 2013.

Cérebro tem mecanismo para aliviar rejeição

Para chegar à conclusão de que o cérebro usa uma reação semelhante para aliviar a dor da rejeição social como faz para lidar com a dor causada por lesões físicas, os cientistas pediram a 18 adultos que vissem fotos e perfis pessoais fictícios de centenas de outros adultos.

Cada participante selecionou alguns perfis em quem poderiam estar mais interessados romanticamente, como fariam em um típico site de namoro online.

Em seguida, os voluntários tiveram o cérebro monitorado por equipamentos de scanner e foram informados de que os indivíduos que consideravam atraentes não estavam interessados neles, ativando assim o sentimento de rejeição.

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As análises cerebrais de participantes que estavam experimentando essa forma de rejeição social mostraram sistemas opioides altamente ativos, o que significa que o cérebro estava liberando seu analgésico natural.

Os voluntários eram informados pelos pesquisadores antes do início do estudo que os perfis e as rejeições não eram reais. No entanto, o sentimento, mesmo quando simulado, era suficiente para causar uma resposta emocional e provocar a liberação de opioide.

Segundo a equipe de cientistas, isso sugere que a liberação de opioides nesta estrutura do cérebro durante a rejeição social pode ser protetora ou adaptativa.

Foi possível descobrir ainda que a personalidade subjacente dos participantes parecia desempenhar um papel no quão ativa era a resposta do sistema opioide.

Indivíduos com pontuação alta para o traço de resiliência – a capacidade de se ajustar às mudanças ambientais – tendem a ser capazes de liberar mais opioides durante a rejeição social.

David T. Hsu, o principal autor do estudo, afirmou que é possível que pessoas com depressão ou ansiedade social sejam menos capazes de liberar opioides em momentos de sofrimento social e, portanto, não se recuperem tão rápida ou totalmente de uma experiência negativa.

A equipe concluiu que as vias cerebrais ativadas pela dor física e social são semelhantes, e que o estudo dessa resposta e da variação entre as pessoas pode ajudar na compreensão da depressão e da ansiedade, abrindo caminhos até para o desenvolvimento de novos tratamentos para esses transtornos.

O cérebro e a ciência