A sensação é comum a praticamente todos os mortais: as bochechas ficam quentes e vermelhas e o nosso maior desejo no momento é de que um buraco se abra no chão e nos tire de vez daquela situação constrangedora. Mico, gorila ou king-kong. Não importa o nome, mas sim o tamanho da vergonha que ele nos proporciona. E o pior é que o tal macaquinho costuma dar o ar da graça justamente quando a gente menos deseja. De galho em galho, ele passeia por reuniões profissionais, pelo primeiro encontro com os pais da sua alma gêmea e, pra completar, faz questão de jogar uma casca de banana no seu caminho no exato momento em que você resolve dar aquela desfiladinha para impressionar o seu objeto de desejo.
Mas não é porque o mico anda sem roupa que ele precisa fazer com que as pessoas passem por isso. “Até hoje não consigo acreditar que, quando chegava no trabalho, fui avisada pelo segurança de que minha calça branca estava rasgada e revelava uma nada discreta calcinha azul escura”, lembra a dentista Valéria Maia. No meio de um prédio todo espelhado e sem nenhum casaco pra amarrar na cintura, a melhor solução foi apelar para o bom humor. “Na hora, tive a maior presença de espírito e disparei: ‘é a última moda, você não sabia?’ E saí às gargalhadas, como se não estivesse nada abalada”, diverte-se.
Nem sempre o mico é o animal ideal para descrever o tamanho de alguns vexames que passamos. O king kong estava literalmente no pé da jornalista Bianca Freire quando ela saiu do carro calçando uma sandália de cada cor. “Fui ao shopping e comprei uma sandália preta, linda, e quando cheguei no carro resolvi sair logo com ela. Mas como tirei a que eu estava para dirigir, acabei colocando um pé de cada”. Seria tudo muito simples se, do carro, ela tivesse ido direto pra casa. O problema é que no meio do caminho, Bianca resolveu encontrar com os amigos em um pub. “O pior é que dancei, circulei bastante e não percebi nada. E como se não bastasse a vergonha de saber que as pessoas que estavam no barzinho certamente viram meus sapatos trocados, foi um homem, apesar do veneno que corre nas veias femininas, que me fez virar o centro das atenções dando um verdadeiro escândalo ao perceber a troca”, conta Bianca, que por muito pouco não atirou as sandálias na cabeça do engraçadinho.
Fazer a gente dar boas risadas é a especialidade de qualquer miquinho mais travesso, mas quando somos nós as vítimas, nem sempre essas gargalhadas são tão engraçadas assim. Que o diga a arquiteta Juliana Rocha. “Estava num barzinho com uns amigos, quando um cara em quem eu estava de olho tinha séculos, chega e senta bem na minha frente. Papo vem, papo vai, um amigo muito palhaço solta uma pérola, dessas bem engraçadas. Gargalhada geral, ninguém se segurou. Nem eu. Mas com um detalhe: eu estava com a boca cheia de chope, que foi parar na cara do Fred, o gatinho que eu estava paquerando. Um horror!”, recorda.
Mas o que fazer quando o mico resolve virar bicho de estimação, personificado na forma de namorado novo? A universitária Fabiana Santos sentiu isso na pele quando resolveu exibir sua mais nova conquista em uma viagem com os amigos. “Fomos comemorar o aniversário de uma amiga na fazenda dela, e ele não conhecia ninguém. Durante o dia, um churrasco foi o suficiente para Leonardo se enturmar com todos. No começo achei ótimo, já que ficaria mais livre pra conversar com minhas amigas enquanto ele falava de futebol com os meninos”, lembra.
Entretanto, Fabiana realmente não contava com a aparição do mico e acabou deixando o terreno livre para que ele pudesse descer da árvore e aprontar mais uma macaquice. “Final de tarde, depois de sair da piscina, resolvi tomar um banho. Ia chamar o Léo pra ir comigo, mas ele estava tão entrosado com os meninos que não quis atrapalhar e deixei pra lá. Na volta percebi que tinha feito uma grande besteira, quando vi que meu querido novo namorado, já completamente bêbado, comandava um campeonato de arrotos!”, revela Fabiana acrescentando que o mico se transformou em gorila quando ela percebeu que as namoradas dos outros meninos olhavam incrédulas para aquele verdadeiro show de horrores. Desnecessário dizer que a noite não acabou bem para o casal. Vale esclarecer que na volta da viagem, ainda no carro, Fabiana tratou de literalmente quebrar o galho e botar o macaquinho pra correr.
Agora, todos sabem que pagar mico todo mundo paga, já pagou ou vai pagar um dia, ninguém está livre disso. E, com maior ou menor intensidade, eles sempre nos fazem passar por um constrangimento gigantesco na hora, mas também podem nos garantir boas risadas depois. O importante mesmo é deixar o mau humor de lado e procurar encarar tudo com a maior naturalidade possível, já que uma coisa é certa: este mico não corre risco de entrar em extinção.