BM – Como surgiu o convite para o filme “Bufo”?
IG – Eles ainda estavam com esse personagem aberto, já tinham fechado quase o filme todo. Esse personagem já tinha passado por algumas atrizes. A Fernanda Ribas, que me empresaria, é amiga pessoal do Flavinho (diretor do filme) e ele ligou pra ela para pedir umas dicas. Aí ela me indicou, disse que eu era despojada e tinha a ver com a Minolta. O Andrucha, que tinha dirigido o filme “Gêmeas” e me conhecia de milhões de comerciais, deu uma força. O Flávio ligou também para o Walter Lima Júnior para saber de mim, pois eu tinha feito um curso de cinema com ele na Fundição. Enfim, as coisas foram se juntando. O personagem era meu. Aí o Flávio me ligou e falou da possibilidade de fazer o filme. Liguei pra uma amiga e peguei o livro “Bufo & Spallanzani” (de Rubem Fonseca) emprestado. Devorei em dois dias. Recebi o roteiro depois. Fiquei muito feliz em protagonizar o “Bufo”.
BM – Como é o personagem Minolta?
IG – A Minolta é uma personagem linda, é uma neo-hippie, despreocupada. Ela tinha sido despejada e é convidada para morar na casa do Ivan Canabrava, personagem interpretado pelo José Mayer. Aí eles começam uma relação. A Minolta tem uma linha de caráter muito firme, tem fé nas pessoas e entra na trama para ajudar o personagem do Zé que está em apuros. Ele é investigador de uma companhia de seguros e está desconfiado de um segurado que fez um seguro de US$ 1 milhão e morreu seis meses depois. Ele acha a morte meio suspeita. Ele desconfia que o segurado se envenenou com o sapo para ficar cataléptico, um estado físico igual de como se a pessoa estivesse morta para receber o seguro. Aí, passam dez anos e ele já é um escritor famoso que usa o nome Gustavo Flávio. Ele está de novo envolvido numa história, o assassinato de uma grã-fina de quem ele era amante. Ele é considerado suspeito e pede para a Minolta ajudá-lo a desvendar a morte da Delfina. A Minolta atende ao chamado. Nessa Segunda parte do filme, meu personagem tem uma pousada na Serra da Bocaina. É um prazer fazer um personagem do Rubem Fonseca, um escritor que tem um universo superdefinido. Tem uma coisa muito bacana de você ter um livro para pesquisar.
BM – Como foi gravar várias cenas nuas?
IG – Foi tranqüilo, eu tinha certeza absoluta de que ia ser um trabalho bem cuidado, conhecia a equipe e tinha certeza que ia ser um trabalho de alto nível.
BM – Você ganhou o Kikito no Festival de Gramado. Você acha que a tua carreira vai dar um salto por causa do prêmio?
IG – Acho que o Kikito como atestado de capacidade não significa muita coisa. Eu poderia não ter ganho o prêmio. O prêmio tem a ver com uma porção de coisas, com a opinião daquele corpo de jurados. Agora, o Kikito é um prêmio que te coloca na mídia, né? E nessa profissão as pessoas lembram de você quando você está na mídia. Existe também um certo atestado de credibilidade e para mim serve muito mais como um “vai em frente” que um salto na carreira. A carreira de ator é muito difícil, o mercado é muito competitivo, existem diversas atrizes da minha geração, com meu tipo físico e que são muito talentosas. A disputa é acirrada. E o prêmio vem pra levantar um pouco e mostrar você para as pessoas. Achei legal também receber elogios de colegas, alguns profissionais que imaginei que nunca fosse conhecer. É fascinante ver que pessoas que eu admiro gostaram do meu trabalho.
BM – Quando foram as filmagens de “Buffo”?
IG – No final de 99.
BM – Agora você está em função da divulgação do filme.
IG – Há dois meses que rodo com o filme. Fui pro Festival de Miami, Tiradentes, Recife… Em Miami ganhamos, inclusive, os prêmios de roteiro, direção, ator (Tony Ramos) e trilha. O Dado Villa-Lobos fez uma trilha linda pro filme. Estou só colhendo os frutos do filme. Foi ótimo ter feito e está sendo ótimo viajar com ele.