Paris, estranha cidade

Feliz Ano Novo pra vocês! Eu fui passar o meu Ano Novo em Paris com meus tios – ele é francês e irmão do meu pai; ela é americana da Califórnia e super gente boa. Eles moram num apartamento bacaninha no Champs de Mars, com vista pra Torre Eiffel. Mas tenho que admitir que cada vez que vou para Paris me aborreço. Explico.

Entramos numa loja procurando por sapatos de inverno pro meu tio. A vendedora estava encostada no balcão com os braços cruzados. Entramos, falamos ‘bonjour’, ela respondeu com cara de dor de barriga, perguntamos o preço de um par de sapatos, ela respondeu com cara de dor de barriga, falamos ‘merci’, ela não respondeu e saímos da loja. O tempo inteiro a danada estava de braços cruzados, dando uma baita impressão de que não éramos bem-vindos. Onde já se viu isso? Só em Paris mesmo.

Aí saímos da loja e fomos comprar frutas e legumes para ceia da Natal. Entramos numa vendinha de frutas e compramos tudo menos alface e tomates – que não estavam com uma cara muito boa. Andamos uns dois quarteirões e entramos na outra lojinha de frutas e legumes do bairro. Mas, vejam só, o Senhor Verdureiro, ao ver minhas sacolas de outra vendinha, nem disse bonjour nem nada e imediatamente fez aquela conhecida cara de dor de barriga, como que para me mostrar que ficou aborrecido por eu ter ido comprar coisas em outro lugar. Esse pessoal tem o prazer de ser chato, fala sério.

Saí da vendinha – com meus tomates e alface -, mas achei aquilo muito estranho. No meu momento de análise profunda da antropologia parisiense, eu quase pisei na caquinha de cachorro, que por sinal ocupa lugar nobre nas ruas. Se você for a Paris, lembre-se que é necessário andar na rua com um olho no padre e outro na missa, como diz a minha avó, se não você acaba pisando e sujando o sapato.

Chego em casa e ligo a TV, para aproveitar enquanto meus tios estão fora terminando as compras de Natal. Caio num canal de filmes e é aí que a coisa vai pro beleléu. Os filmes são dublados em francês, até aí tranqüilo, pois isso acontece no Brasil também, mas embaixo da tela do filme tem legendas também em francês, mas diferentes daquilo que os personagens estão falando! Entendeu? Não, nem eu. Se quiser conhecer outros estranhos hábitos dos Parisienses leia A Year in the Merde, ambos do mesmo autor. É de ficar com dor na barriga de tanto rir.