Desde que o mundo é mundo, mulheres e baratas são duas coisas que não combinam. Basta a presença de uma para a mulherada perder a compostura. Umas gritam, outras correm, algumas apelam para maridos, namorados e porteiros para matá-las, há aquelas que praticam tiro ao alvo com sandálias e tamancos e até as que recorrem a soluções nada convencionais para se livrar das “nojentinhas”. Receita para matar baratas existem várias: botar veneno misturado com açúcar atrás da porta, passar inseticida pela casa toda, deixar cadáveres de baratas mortas pelo chão supondo que as outras, sensibilizadas, deixarão a sua casa em paz. Mas há fórmulas que ninguém supõe que existam e que suas “inventoras” garantem a eficácia.
A produtora de Internet Priscila Pereira é uma verdadeira “alquimista” na arte de matar baratas e está sempre testando novos produtos para se ver livre das peçonhentas. “Já tentei matar com shampoo, mas ela foi embora. Com removedor de gordura também não funcionou, mas o que é fantástico é detergente para lavar louça. É tiro e queda, elas ficam doidonas e morrem rapidinho”, confessa. A mãe de uma amiga da produtora de elenco Simonetti Queiroz também teve uma idéia muito boa. “Ela jogava laquê em cima delas e dizia que elas morriam durinhas”, afirma. A representante comercial Andréa Massaroni criou um jeitinho corajoso e engraçado para enfrentar a “inimiga”. ” Eu piso na barata e grito ao mesmo tempo. Assim eu não ouço aquele barulhinho horrível, o crec da barata morta“, teoriza. A jornalista Ana Sílvia Mineiro faz de tudo para não pisar no bicho. Tudo mesmo. Para não ter que passar pela experiência, Ana teve uma idéia arriscada que deu certo. “A barata entrou voando e eu não tinha inseticida algum em casa. Foi então que tive a idéia: peguei o desodorante spray e um isqueiro e fiz um lança-chamas. Ela saiu correndo e entrou dentro do meu armário. Não pensei duas vezes e botei fogo dentro dele. O estrago não foi grande, apenas chamuscou um pouquinho a porta. Quanto à barata? Morreu torradinha”, conta. Mas a fórmula ideal mesmo ela encontrou algum tempo depois. “Casei. Tem coisa melhor do que marido para matar baratas?”, pergunta.
Quem ainda não arrumou seu assassino oficial de baratas se vira como pode. A decoradora Maria Laura Calabria, que não pode ver uma por perto, conta o que faz: “Tenho muito nojo e quando aparece uma por aqui eu costumo ficar bem longe e atiro o primeiro sapato que encontro. Claro que eu nunca acerto e essa situação se estende por horas a fio. É realmente estressante mas o pior é ter que pegar o papel higiênico e retirar os restos mortais desse inseto nojento. E depois fico imaginando se terá outra escondida em algum lugar. Eu vi um documentário só sobre baratas e diziam que, para cada barata que você vê, existem muitas escondidas. Será verdade? “, questiona. Foi por causa de uma barata escondida que a estudante de odontologia Marcelle Pinho deixou de entregar um trabalho para a faculdade. “Não podia deixar de fazer de jeito nenhum, mas eis que entra a pior de todas…a vilã…a maldita barata voadora! Eu saí correndo pro quarto do meu irmão para pedir pra ele matar o bicho, mas ele estava dormindo. Então eu voltei com todo o cuidado do mundo, olhei para todos os cantos e, graças a Deus, nada dela”, recorda aliviada. O pior, porém, ainda estava por vir. “Voltei pro meu trabalho e continuei. Algum tempo depois sinto algo pousar nas minhas costas. Aiiiiiiiiiii!!!!!!!!! Dei um pulo e saí correndo! Nem vi se era a barata mesmo ou imaginação minha, mas o computador passou a noite inteira ligado e eu tive que passar uma boa conversa no professor”, confessa.
É difícil explicar porque as mulheres sentem um verdadeiro pavor por esse bicho. A psicóloga Marcia Germack acredita que esse medo está mais para uma questão cultural do que emocional. “Talvez muitas pessoas, inclusive homens, tenham esse medo, mas o homem, devido à cultura de ser o dominante, esconda mais esse medo para não parecer ridículo. Os homens acham tão proibido exteriorizar que acabam mascarando-o. Por outro lado, a mulher, que culturalmente é o sexo frágil, demonstra melhor este tipo de comportamento e a sociedade aceita numa boa”, conclui. A teoria popular porém diz que as mulheres têm medo mesmo é de que as baratas subam pelas pernas e….acabem se entocando lá onde não devem. Como nunca se soube de um caso desses, isso deve estar mais para especulação do que para realidade. É claro que, se o medo de barata se transforma numa fobia, daquelas horrendas, aí é caso para uma ida ao psicólogo para tentar entender o que está acontecendo dentro de você e que a barata, pobre coitada, acabou virando símbolo. Afinal, as baratas também têm direito a defesa. Será?
Nas grandes cidades as espécies de baratas mais comuns são duas: a barata de esgoto (Periplaneta americana) e a francesinha (Blatella germanica). Genericamente as baratas são mais ativas à noite, quando saem daqueles lugares que ninguém sabe onde fica, à procura de comida. Seus hábitos alimentares são bem variados, preferindo alimentos ricos em amido, açúcar ou gordurosos. Na falta dessa dieta “baratícia” suculenta, se viram como podem. Comem papéis, excrementos, sangue, insetos mortos, restos de lixo ou de esgoto. Argh! E aquela gosma nojenta que algumas soltam quando são pisoteadas deve-se ao esmagamento da ooteca, que é o lugar onde as baratas fêmeas guardam as futuras baratas. Então lembre-se: se sair a gosma, você estará matando não só uma, mas futuras baratas também. O que não adianta muito porque sempre tem mais um batalhão por vir do lugar de onde veio a primeira. Outro mistério das baratas.
Dizem que, na pior hipótese da guerra entre humanos e baratas, elas – as baratas – é que seriam as vencedoras. A estudante Marcelle Pinho define muito bem: “Se houver uma guerra nuclear eu quero ser a primeira a embarcar. Dizem que somente as baratas sobreviveriam…imaginem…um mundo só de baratas…..Ahhhhhhhh!!!”