A psicóloga Paula de Sá acredita que, apesar de ser bastante prejudicial, o ciúme, na dose certa, apimenta, sim, o relacionamento. “Não precisa existir um clima de desconfiança. Basta demonstrar que se tem carinho, que quer a companhia do outro integralmente”, revela. Elaine Marini complementa: “Nenhuma emoção é prejudicial a qualquer ser humano, desde que seja na medida correta. Ou seja, a medida é quando o sentimento não atrapalha a rotina de vida e não afasta a pessoa de si mesma”.
Nesse tipo de ciúme, qualquer dúvida, qualquer atraso, olhar vago ou atitude que o obsessivo julgue inadequada para o momento ou ocasião se transforma em denúncia de fatos.
Entretanto, assim como ele pode ser visto como tempero, em excesso, denota um caráter patológico. A psicoterapeuta Kelen Bernardi Pizol explica que o ciúme normal é transitório, específico, e baseado em fatos reais. Já o patológico é uma preocupação infundada, irracional e descontextualizada, em que sentimentos perturbadores se revezam, tecendo uma rede de dor e sofrimento. A psicóloga Silvana Martani acrescenta que o ciúme patológico ou obsessivo transforma homens e mulheres em reféns de parceiros. “Nesse tipo de ciúme, qualquer dúvida, qualquer atraso, olhar vago ou atitude que o obsessivo julgue inadequada para o momento ou ocasião se transforma em denúncia de fatos, certezas de flagrantes prontos para mostrar uma traição”.
Lidando com os fantasmas
A terapia é indicada quando o sentimento realmente foge do controle. A ajuda de um profissional se faz necessária quando a pessoa ou o parceiro sofrem, quando o relacionamento está sendo prejudicado, e se a pessoa tentou lidar com isso outras vezes, mas não obteve êxito.
Através da terapia, a auto-estima é trabalhada, fazendo com que a pessoa se conheça mais e se fortaleça, deixando de colocar a culpa ou mérito de sua própria vida nos outros. “A partir daí, ficamos mais seguros e confiantes, o que coloca o ciúme em segundo plano, como uma estratégia desnecessária para “segurar alguém”, finaliza a psicóloga Paula de Sá.