BM Quantos anos você tem?

VL 53 anos.

BM Como começou a sua experiência com pão ?

VL Veio pela família. Sempre estivemos no comércio. Meu pai sempre foi comerciante e eu sempre vi trabalho na minha casa. Há um engano que as pessoas pensam que eu não tinha nada, que era muito pobre, isso tudo eu vou revelar agora no meu livro “Totalmente Vera Loyola.” Isso não diminui ninguém, ter vindo de uma origem humilde ou não, o importante é você ter humildade. Não precisa ser humilde. O que você tem é que ter humildade, que há muita diferença de uma coisa para outra. Meus pais casaram-se muito cedo e começaram uma luta muito grande, porque meu pai era órfão, e o meu avô tinha um cartório no Rio Grande do Sul, mas meu pai era muito jovem e, perdendo o pai, começou cedo no trabalho. Casou com 19 anos e minha mãe com 16. E eu sempre vi na minha casa muita luta, muito trabalho, muito desejo de progredir. Então fui crescendo nesse ambiente. E nesse ambiente eu aprendi que quando você quer alguma coisa, você tem que lutar por isso. Não tem que esperar cair do céu, porque nada cai do céu. Hoje meu pai está com 79 anos e lutando cada vez mais porque, você vê, a situação do país não permite que as pessoas cruzem os braços e fiquem esperando as coisas caírem do céu. Então meus filhos também começaram muito cedo a trabalhar. Estudaram. Minha filha com 17 anos também começou a trabalhar na Biruta. A Biruta já tem, mais ou menos, 15 anos que começou a parte de padarias, de panificação e delicatessen. Porque a uns 40 anos atrás nós tínhamos o Bar Bem, que era um restaurante que deu início a São Conrado. Antigamente ali eram barraquinhas. Meu pai comprou os terrenos e fez um restaurante muito grande onde era o encontro de toda a arte, o social e os empresários do Rio. E eu, muitas vezes fui para lá trabalhar, ainda garota. Eu estudava em colégio interno e nos finais de semana eu ia pra lá ajudar no caixa. Então o pão começou com o papai achando que em São Conrado não tinha nada e decidimos fazer esse tipo de trabalho. Hoje minha filha fica na parte de compras, meu pai na parte comercial, e eu na parte de marketing, porque estou tentando um espaço na televisão. Então todo esse movimento que eu faço é também procurando um lugar na televisão.

BM Quais as entidades em que você realiza um trabalho de assistência social ?

VL Eu ajudo a Suipa. Faço bastante divulgação e defendo a causa. Não vou para lá porque meu coração fica sufocado quando eu vejo cachorrinho, eu até chamo de criancinhas, sofrendo. Eu sou voluntária da ABBR, que é uma casa de deficientes físicos, que eu ajudo bastante, as obras sociais da Prefeitura e eu tenho também meus pobres em volta de mim.