Vícios na direção: dicas para evitar

Você dirige com o pé na embreagem? Apoiado no câmbio? Tem a mania de colocar o braço para fora da janela e, quando está esperando os filhos na frente da escola, se diverte girando o volante do seu carro com injeção eletrônica? Se respondeu “sim” a, pelo menos, uma dessas perguntas, você tem o que os especialistas chamam de vício de direção. E, como qualquer outro vício, ele faz mal, seja ao trânsito, seja ao seu carro.

O psicólogo Marccelo Pereyra, consultor da Associação Brasileira de Educação de Trânsito (ABETRAN), chama o comportamento dos condutores nas ruas de “imitativo”, motivo que contribui para aumentar o caos nas vias. “Os Centros de Formação de Condutores procuram aplicar o ensinamento da condução veicular dentro das normas do CTB, exigindo do aluno posturas corporais, movimentos completos e ações mecânicas de direção que obedeçam as regras exigidas. No entanto, está subentendido que o veículo é sinônimo de ‘liberdade’ e o condutor, assim que adquire carteira e veículo próprio, logo incorpora suas tendências pessoais e copia outras que observa no seu dia a dia“, explica.

Este problema pode começar ainda antes da autoescola, como acredita o consultor de trânsito Marcelo Galvão. “Vemos a todo tempo pessoas querendo demonstrar habilidade ao volante e, então, copiamos. Muitos têm o primeiro contato com o carro antes da devida permissão para dirigir e, quando chega a época do aprendizado, o futuro condutor já está cheio de vícios das pessoas que o ensinaram”, diz.

Os vícios danificam o carro e, o pior, provocam prejuízos nas estradas. “Pé na embreagem com o carro em movimento, mão na marcha, colocar o carro em ponto morto, passar em quebra-molas com uma roda de cada vez e chegar no final da direção se ela for hidráulica vão diminuir a vida útil do seu automóvel”, enumera Galvão. “Já no trânsito, a falta de educação se soma a esses vícios e os resultados são catastróficos. Os erros mais comuns são parar o carro na faixa de pedestre, fechar os cruzamentos, usar velocidade acima da indicada para a via e andar pelo acostamento.”

Ainda assim, o consultor da ABETRAN acredita na importância de investir na mulher motorista para melhorar as estatísticas: “Em meio a tantas influências desajustadas, ela ainda possui comportamentos importantes para um trânsito seguro. Carrega em sua constituição psicossocial um conjunto muito baixo de agressões ao seu meio, tornando-se menos suscetível ao estresse do trânsito. Assim, causa menos impactos de acidentes”.

Mas como melhorar esse quadro? Marcelo Galvão opina: “Deveríamos ter um procedimento de reciclagem para as pessoas já habilitadas na hora da renovação, pois a única exigência é o exame médico”. Pereyra complementa: “É preciso criar ações permanentes de orientação, de apoio, de incentivo ao modelo defensivo de direção veicular, que a mulher ainda preserva em seu conjunto de atitudes, para que consigamos êxito naquilo que mais precisamos alcançar: um nível de educação que permita a compreensão, o entendimento e a postura crítica de mudança para o bem-estar coletivo“.

Para evitar os vícios, você precisa ter consciência do problema. Então, veja abaixo os mais comuns, segundo o consultor de trânsito Marcelo Galvão.

Pé na embreagem com o carro em movimento: “O consumo da embreagem pode ser antecipado em um ano”, calcula Marcelo Galvão.

Braço fora da janela do carro: “É uma infração média, que resulta em quatro pontos na carteira”, diz o consultor de trânsito.

Passar no quebra-molas com uma roda de cada vez: “Os carros são produzidos por monobloco, ou seja, uma peça única. Quando você passa pela lombada dessa forma, você torce a carroceria e começam a acontecer ruídos no carro”, explica Galvão.

Banguela: “Em ponto morto, há um consumo maior de combustível.”

Pegar no tranco: “Pode danificar o modulo de injeção eletrônica nos carros que possuem essa tecnologia. Ele custa a partir de R$ 2500.”

Frear bruscamente ao avistar um buraco: “Quando isso acontece, todo o peso do carro é transferido para frente, sobrecarregando a suspensão. E, caso você caia no buraco, pode até perder o pneu. Portanto, não freie.”

Esquentar o carro: “Os automóveis antigos tinham afogador, mas os novos já possuem injeção eletrônica. Então, não há necessidade de esquentar. O fabricante recomenda sair com o carro em aceleração baixa, porque o próprio deslocamento garantirá a temperatura ideal, em torno de 80°C.”

Girar o volante com direção hidráulica: “A direção hidráulica reduz o esforço em até 40%. Com o carro parado, girar o volante pode forçar a tampa do reservatório e causar derramamento de fluído, além de deslocar a tampa. Ocorre também um maior desgaste do pneu.”

Apoiar-se no câmbio: “Força o trambulador, peça que leva o movimento feito na alavanca de câmbio para o câmbio”, explica o especialista.