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Se na vida real somos únicos e diferentes, os brinquedos também deveriam refletir a nossa diversidade. Foi pensando nisso que a artesã indígena Luakam Anambé criou as Bonecas Anaty (que significa “menina”, em tupi-guarani).
Anaty é também o nome da netinha da artesã, que já vive uma infância com mais representatividade graças ao esforço e à criatividade da avó.
Toda boneca é desenhada por Luakam e colocada à venda em seu site e pelo Instagram com modelos representando os povos Anambé, Kayapó, Yawalapiti e Krahô.
Sonho de menina
A história de Luakam é de luta e superação, bem diferente da delicadeza de suas bonecas. Ela sofreu muito preconceito por ser indígena, foi abusada sexualmente e forçada a casar-se aos 14 anos.
Quando pequena, ela se separou de sua mãe, que não tinha condições de cuidar dos 11 filhos. Com apenas sete anos, a menina foi obrigada a morar com uma família de fazendeiros e trabalhar como empregada doméstica.
Na época, ela só queria ter uma boneca e poder brincar com ela, mas ainda por cima foi proibida pela esposa do fazendeiro.
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Luakam tomou o controle da própria vida ao separar-se do marido que nunca quis ter.
Com seus dois filhos, ela mudou-se do Pará para o Rio de Janeiro e passou a trabalhar em confecções durante anos, mesmo enfrentando olhares preconceituosos por nunca ter abandonado sua cultura.
Quando começou a frequentar feiras de artesanato indígena acompanhada da neta, Anaty, uma situação inusitada virou recorrente: a menina estava sempre acompanhada da própria boneca, feita pela avó, e chamava atenção de quem cruzava com elas.
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Nascia ali a ideia do futuro negócio, fruto de um presente de uma avó para sua neta e da lembrança do seu próprio sonho de menina de ter a própria boneca.
quote:”Hoje, eu divido aquele sonho de infância com várias crianças e fico muito feliz a cada dia”, diz orgulhosa.
Vendas pela internet
Luakam deu um salto corajoso ao pegar todas suas economias e apostar na produção das bonecas no início de 2020.
Com o início da pandemia da covid-19, a pequena Anaty ajudou a avó gravando um vídeo da confecção, que viralizou no Facebook. Segundo a artesã, logo em seguida, 200 bonecas foram pedidas por uma instituição em Brasília.
quote:”Eu sempre quis ser reconhecida e mostrar para o mundo que nós existimos”, diz a artesã.
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