Durante muito tempo, o futebol profissional no Brasil foi proibido para as mulheres e considerado um esporte masculino. Com o tempo, os costumes foram mudando, as atletas conquistaram espaço e provaram que não apenas sabem jogar, mas que podem ser até melhores do que os homens.
Hoje, alguns clubes brasileiros já possuem equipes femininas de futebol. Das grandes atletas da seleção, a maioria joga em clubes do exterior, Estados Unidos, Suécia, Espanha, França, entre outros. E, mesmo nesses países, onde o futebol feminino tem um apoio um pouco maior, elas ainda têm salários muito mais baixos que os homens e recebem menos investimento de patrocinadores. Ou seja, com salários baixos e sem patrocínio, os jogos não têm visibilidade. Sem visibilidade, não há público. Sem público, não há interesse de patrocinadores. E sem patrocinadores, não há como aumentar os salários.
Futebol feminino nas Olimpíadas
Durante os Jogos Olímpicos, por causa dos jogos transmitidos pela TV e acompanhados por um número maior de pessoas, a fama das atletas vem crescendo e as mulheres estão dando um show em todos os esportes. Isso também se deve, é claro, ao ótimo desempenho apresentado pela seleção brasileira de futebol feminino, assim como já mostrou em outras competições de nível internacional, e também pelo fato de estarem jogando em casa. Em dois jogos, foram 8 gols marcados. Além disso, as mulheres do futebol possuem alguns recordes: Marta é a maior artilheira da história das seleções de futebol, incluindo a masculina, com 100 gols, superando Pelé, que fez 95. Cristiane é a maior artilheira do futebol olímpico mundial, entre homens e mulheres, com 14 gols em 15 jogos disputados.
Outro fator que fez com que as mulheres do futebol se tornassem as queridinhas da torcida é o fato de o futebol masculino, que já foi considerado o grande orgulho do país, não conseguir bons resultados em campo. Depois de ser derrotado por 7 x1 pela Alemanha na Copa do Mundo de 2014, foi eliminado ainda na primeira fase da Copa América 2016 e, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, não marcou sequer um gol nos dois primeiros jogos.
Mesmo com todas as estatísticas a favor do futebol feminino, um fato que vem chamando a atenção é a ausência de camisas da seleção feminina de futebol que não são vendidas com os nomes das jogadoras estampados nas costas e nem em tamanhos maiores, que possam ser usados por homens.
Por que não há camisas com o nome Marta?
O ator Alexandre Nero fez um desabafo nas redes sociais e a publicação viralizou. No texto, ele diz que gostaria de ter uma camisa com o nome da Marta, mas que ficou surpreso ao descobrir que não existia nem com o nome dela nem de qualquer outra jogadora em tamanho masculino. “Não posso ter uma camisa da seleção brasileira de futebol com o nome de uma das melhores jogadoras de futebol do mundo simplesmente porque algum pensamento medieval de mercado achou que nenhum homem usaria uma camisa com o nome Marta”, disse.
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Segundo o site de notícias G1, a Nike, fabricante oficial das camisas das seleções feminina e masculina informou que não produz nenhuma camisa com nomes de jogadores e que a personalização deve ser solicitada na hora da compra, para que possa ser colocado o número e nome que quiser. Informou ainda que as camisas com nomes que ficam expostas nas lojas são feitas por decisão dos lojistas, não da marca.
Nos comentários ao post de Nero, algumas pessoas deram essa sugestão, mas explicou que a questão não é essa. “É a questão de produzir, com os devidos direitos às jogadoras, como a dos homens na Copa”, disse, se referindo ao fato de haver produção de camisas com nome dos jogadores do futebol masculino durante competições como Copa do Mundo.
Outra publicação que viralizou na internet mostra um garoto usando uma camisa que originalmente tinha o nome de Neymar, mas que foi riscado por ele, e substituído pelo nome Marta escrito à caneta logo abaixo.
Diferenças salariais no futebol brasileiro
As diferenças dos valores recebidos por mulheres e homens no futebol também é alta. De acordo com matéria do jornal Folha de SP, a Confederação Brasileira de Futebol paga às jogadoras um valor entre R$ 4.000 e R$ 6.800 brutos (sem desconto de impostos), diárias de R$ 250 para cada dia na seleção e remuneração por uma das folgas do final de semana. Esse valor somado daria cerca de R$ 10.750,00 a R$ 13.550,00 por mês.
Já na seleção masculina, o principal jogador, Neymar Jr., só em seu clube, o Barcelona, da Espanha, recebe cerca de R$ 88 milhões por temporada. Um jogador menos famoso, como Gabriel, do Santos, recebe cerca de R$ 300 mil por mês e tem propostas para receber três vezes mais jogando em um clube da Itália.
Diante desses fatos, nas redes sociais muitas as pessoas começaram a usar a expressão “jogue como uma mulher”, mostrando que, apesar de serem menos valorizadas e com remuneração bem menor, dentro de campo elas ganham de goleada!
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