A importância do Natal

Ho, ho, ho! Chegou o Natal! A véspera natalina, 24 de dezembro, é um dos dias mais festejados do ano. Além do significado religioso, a data preserva características que fazem com que a maioria de nós espere ansiosamente pelo dia: as crianças aguardam a chegada de Papai Noel, acontece a troca de presentes, todos se fartam da ceia maravilhosa, quase sempre preparada pela avó, e parentes colocam em dia as fofocas familiares. Em meio a tantas coisas boas, acabamos nos esquecendo o real sentido da comemoração.

O Natal é um feriado religioso que simboliza o nascimento de Jesus Cristo. Nem toda religião crê na existência de Jesus, mas em um país de maioria cristã – como é o caso do Brasil –, há uma verdadeira comoção em torno da data. São árvores repletas de bolinhas enfeitando as casas, luzinhas piscando pelas ruas, lojas abarrotadas de clientes, e o cheirinho indefectível de peru invadindo a cozinha. Difícil não curtir esta época do ano.

As crianças são as mais animadas com a festa. A chegada de Papai Noel cria expectativas no imaginário dos pequenos. Quem não guarda lembranças dos natais de sua infância, e dos brinquedos trazidos – ou esquecidos – pelo bom velhinho? “Quando pequena, sonhava em ganhar uma boneca chamada Beijoca. Quando apertava as mãos dela uma contra a outra, ela mandava beijinhos. Mas nunca ganhei”, lamenta a secretária Regina Olimpia. Aos 51 anos, Regina se esforça para dar a sua filha o que não teve na infância. “Bicicleta, bonecas, patinete, roupas de marca, tênis, e um quarto só para ela, com televisão e tudo”, conta orgulhosa a mãe coruja, que faz questão de comemorar o Natal com Anthea, 15 anos. “Depois que meus pais morreram, passei a não ligar muito para a data. Mas, mesmo assim, montamos a árvore, para então no dia 24 fazer uma pequena ceia”, conta Regina.

A psicóloga Silvana Martani considera o Natal uma festa emocionalmente importante. “Durante todo o ano temos comemorações com significados históricos, mas nada se compara à carga emocional que o Natal tem. Seu significado afetivo-emocional ultrapassou o aspecto religioso da festa. E isso não acontece só com as crianças, com adultos também. Eles estão marcados pelos muitos significados e lembranças que vão da mais feliz para alguns, a mais terrível para outros”, explica Silvana.

Não é de se estranhar que os que viveram um típico Feliz Natal na infância, tendam a manter a tradição. “Para esses, o Natal demora muito a chegar. É celebrado em cada detalhe, e planejado meses antes”, cita a psicóloga. Já os que não passaram por experiências agradáveis vivem um verdadeiro drama. “É como se o Natal insistisse em acontecer todos os anos, perturbando mais do que alegrando. Devido aos afazeres natalinos, suas vidas viram de ponta cabeça. Para agravar ainda mais a situação, as brigas familiares começam até antes do bom velhinho chegar. A escolha do local da comemoração, de quem vai ser convidado, dos presentes, do cardápio. Enfim, tudo gera angústia, ansiedade e tristeza”, comenta Silvana.

Na opinião da psicóloga, o erro das famílias está na distorção que fazem da data. “Não adianta se reunir apenas por obrigação, impondo a todos uma dimensão de harmonia artificial. Isso acaba irritando as pessoas. Os laços não devem ser exclusivamente sanguíneos, mas também afetivos”, opina. Os presentes também podem se tornar uma tarefa insuportável. Bolso vazio, pouco tempo para as compras e shoppings lotados são uma mistura explosiva. “Para muitos, os presentes são o principal da festa. Acaba sendo um instrumento tanto de prestígio quanto de valorização econômica”, acredita Silvana.

Presentes podem até não ser a intenção, mas, com certeza, é o mais esperado pelos pequenos. Portanto, se o dinheiro não for suficiente para todas as lembrancinhas, garanta pelo menos as das crianças. “A chegada dos brinquedos faz parte da fantasia da infância. Mas é importante oferecer isso a eles em um contexto. Conte a história do Papai Noel. Se os pais incentivam, eles chegam a acreditar até os nove, talvez dez anos. Agora, há pais que destroem a fantasia. Nunca faça isso. Criança precisa sonhar para ser feliz”, finaliza a psicóloga.