Tem espaço?
Este é outro fator muito importante na hora de escolher seu animal de estimação. “Se você mora numa casa com quintal, pode ter, por exemplo, um cachorro grande. Mas, se mora em apartamento, é melhor optar pelos cães ou outros animais de pequeno porte”, explica a veterinária Mirela Tinucci. “Se você não quiser um animal que suba no sofá ou na cama, pode escolher ter algum que viva em gaiolas, mas mesmo assim é bom disponibilizar um espaço onde você possa soltar seu passarinho ou hamster, por exemplo, pelo menos de vez em quando”, aconselha a veterinária. É o que faz a jornalista Ana Elisa Vianna, que às vezes deixa seu papagaio solto, passeando pelo apartamento. “Ele vai em todos os cômodos, anda para lá e para cá . O cachorro morre de medo dele!”, diverte-se ela. “Quando nós viajamos para Teresópolis ou Araras, levamos o papagaio para ficar brincando nas árvores”, conta orgulhosa.
Mas, quando soltar seu bichinho pela casa, seja gato, cachorro, periquito, papagaio ou hamster, lembre-se de tomar cuidado com ralos, tomadas, objetos que possam machucá-los no meio do caminho, plantas venenosas etc. Uma vez, o cocker spaniel Bolo da jornalista Ana Elisa mastigou uma pilha que encontrou pelo caminho e acabou ficando com úlcera. “Quando era filhote, também já caiu dentro da piscina”, lembra, agoniada. Já viu, né? Todo o cuidado é pouco! “A casa tem que estar preparada para receber o animal”, afirma Juliana Forli, a dona do Tacuba. “Na primeira semana aqui, ele teve uma baita alergia depois de uma faxina. Tive que parar de usar todos os produtos de limpeza na casa. Agora, só água sanitária diluída na água. Depois de estragar um sapato meu, comer a quina da mesa de centro, um porta-copo, vários pregadores de roupas e o fio do telefone, o pior de todos, tivemos que mudar de lugar!”, lembra Juliana.
Só que é preciso estabelecer algumas regras. O animal deve ficar apenas no quintal. Em apartamentos, ele não pode ter acesso de jeito nenhum ao quarto de quem é alérgico
Na casa de Regina Rathunde, “mãe” do William, a limpeza também tem seus detalhes. O sofá tem capa protetora e a casa é aspirada todos os dias. “Passamos pano com água, sem produtos que possam causar alergias”, destaca. O mesmo acontece na casa de Mariana Medeiros. “Depois que a Chiquinha cresceu, não usamos mais nenhum tipo de proteção para os móveis. A única coisa que fazemos é usar produtos de limpeza que não causam alergias ou qualquer dano ao bichinho”, conta. Mas, segundo Ana Elisa Vianna, depois de dois meses com o bicho você se acostuma com o fato de que a sua casa nunca mais vai ser tão limpa. “Tudo que a gente pega tem o pêlo preto do Bolo grudado”, ri.
E condições financeiras?
A gente gasta no supermercado, no shopping, no lazer, no médico e com o animal de estimação não é diferente. Eles também têm gastos fixos. Um cão, por exemplo, pode chegar a custar, segundo a veterinária Mirela Tinucci, R$ 250,00 por mês, incluindo alimentação, saúde, higiene e supérfluos, como brinquedos. Para Regina Rathunde, essa é a “desvantagem”. “Temos altos gastos com ração, vacinas, medicamentos e pequenos ‘mimos’. Em média, gastamos cerca de 120,00 reais mensais com o William”, calcula. A jornalista Juliana Forli e o marido Fábio Pacheco também têm tudo na ponta do lápis. Com ração, lá se vão R$ 120,00 por mês. Para comprar o remédio contra pulga, carrapato, sarna e outros parasitas, é preciso desembolsar R$ 45,00. Na pet shop, o banho sai por R$ 18,00. “Mas damos banho em casa mesmo. A não ser quando ele está precisando de uma faxina geral”, conta Juliana. “É no começo que se tem mais gastos”, frisa.
Saúde x animal
Segundo o alergologista Clóvis Galvão, da Associação Brasileira de Alergologia, é preciso pensar também na alergia antes de trazer um animal para casa, já que ele pode sensibilizar as pessoas alérgicas. Segundo o médico, a maioria dos brasileiros tem alergia à poeira domiciliar que, entre outros, se constitui por pêlos de animais. Entretanto, não é só isso! “Os animais têm algumas substâncias não só no pêlo, mas também na saliva, na urina e na pele que são muito leves, se desprendem e ficam dispersas pelo ambiente”, afirma Clóvis. “Minha mãe se estressa muito com a quantidade de pêlos pela casa, mas com certeza é uma pessoa mais feliz hoje. Todos aqui em casa são alérgicos, mas convivemos bem com isso, porque toda a felicidade que o William nos traz compensa!”, avalia Regina. “Meu pai também é muito alérgico. Às vezes, quando fica mais ‘atacado’, tem que sair de casa até acalmar um pouco, mas isso não o impede de ficar perto da Chiquinha”, garante Mariana Medeiros.
No entanto, Clóvis Galvão não recomenda a presença de animais de estimação em casas de pessoas alérgicas. “Para quem já tem, tudo bem, porque se a gente pedir que mandem o bichinho embora, some a alergia, mas chegam os problemas psicológicos”, diz. “Só que é preciso estabelecer algumas regras. O animal deve ficar apenas no quintal. Em apartamentos, ele não pode ter acesso de jeito nenhum ao quarto de quem é alérgico”, alerta o médico. Ele recomenda, ainda, que o pet tome banho semanalmente e que a casa, principalmente o canto do bichinho, seja limpa de forma muito rígida, inclusive com antisséptico.
Vale a pena!
“Os animais de estimação são uma companhia impagável! Sem contar que renovam a alma das pessoas. Eles têm um efeito terapêutico e ajudam seus donos, inclusive, a superar a depressão. Para as crianças, são uma forma de educar divertindo. Os animais de estimação afloram, nelas, o senso de responsabilidade e ajudam – e muito! – no desenvolvimento cognitivo”, afirma a veterinária Fernanda Firmino. Além disso, ensinam os pequenos a lidarem com os ciclos da vida (do nascimento à morte) e a respeitar os limites. Rendem, também, uma porção de assuntos com os coleguinhas na escola. “É comprovado, além disso, que ter um animalzinho de estimação melhora a auto-estima e dá mais disposição”, completa a veterinária Mirela Tinucci.
Ou seja, os pets contribuem para a saúde física, mental e emocional dos donos. Sem contar o amor gratuito e incondicional que têm por quem os acolhem. “Para o seu bichinho, você está sempre certa, está sempre bonita”, brinca a veterinária Fernanda Firmino. “Lá em casa, o William só teve a acrescentar!”, confirma a universitária Regina Rathunde. “Nada melhor do que um sorriso amigo depois de um dia estressante ou do que uma lambida molhada quando se está triste. Um animal também nos deixa muito sociáveis! Ele é sempre uma “desculpa” para falar com os outros na rua, fazer novos amigos, conhecer novas pessoas”, garante Regina.
“A Chiquinha é tratada como filha, com certeza! Dorme sempre na cama com os meus pais. No fim de cada refeição, ganha um bifinho e meu pai dá sorvete escondido (apesar de todo mundo saber)”, diverte-se a publicitária Mariana Medeiros. “É muito bom chegar em casa, não importa com que humor, e ser recebida com festa. A Chiquinha sempre dá carinho, mesmo nos momentos em que todo mundo está estressado, o que até neutraliza as brigas!”, conta Mariana. E completa. “Acho que com um animal de estimação as pessoas passam a mostrar mais carinho umas pelas outras. O tempo de brincar com a Chiquinha nos une. Com certeza, desde que ela chegou lá em casa, as discussões diminuíram e ficaram mais curtas também. Sem falar que meu irmão se mostrou bastante responsável. Ele criou até uma rotina para levá-la na rua”.
A analista de sistemas Gabriela Paiva é outra que não consegue se imaginar sem a sua fiel escudeira, a cadelinha Lilica. “Ela faz parte da família, dorme no quarto comigo. É muito alegre, está sempre abanando o rabo! Quando tem alguém triste em casa, ela se deita do lado e fica lambendo, parece que percebe e fica tentando alegrar. E é mesmo só alegria!”, derrete-se Gabriela.