Imitar é bom, mas tem limite
De acordo com a psicóloga Marina Almeida, a frase célebre que inicia essa matéria pode aprisionar as crianças num ideal narcísico e infantil. “Elas não verão a diversidade de beleza que não é apenas estética, mas interna, subjetiva, nas relações afetivas e amorosas diante da vida”, pontua a especialista.
Morgana Vigo admite: a nova geração de crianças está antenada com o que acontece no mundo, mas ainda se espelha nos pais. E todo mundo sabe: criança adora imitar gente grande. As menininhas copiam a mãe, os garotões querem ser iguais ao pai. E isso faz parte do crescimento da criança. “A fase de imitação é saudável, até que a própria criança possa ser ela mesma, dentro de suas necessidades”, orienta a psicóloga Marina Almeida.
Os pais devem estar atentos ao limite. As idas aos salões e SPAs devem ser encaradas pela criança como uma grande brincadeira que alia beleza e higiene. “As crianças precisam estar com os cabelos cortados, principalmente a franja, para não atrapalhar a visão e o aprendizado na escola. Devem estar sempre com as unhas limpas, pois as doenças estão aí”, orienta Morgana.
A inclusão de um SPA na agenda infantil passa a ser preocupante quando elas chegam para perder peso por causa da estética e não da saúde. Os pais devem ser coerentes: algumas realmente precisam de um trabalho de reeducação alimentar e exercícios físicos. Outras só querem imitar a modelo vista na televisão.
Quando essa vaidade toda passa a ser levada a sério, o alerta dos pais deve acender. “O cuidar-se deixa de ser saudável na medida em que esta criança só vive para isso: para o salão de beleza, para os cosméticos, para imagem, sem poder notar outras necessidades afetivas, a de crescimento, como estudar, ter amigos, construir valores éticos e morais”, diz a psicóloga Marina Almeida.
Incentivar o culto à beleza e ao corpo em demasia pode fazer com que a criança pule etapas importantes do desenvolvimento da sua personalidade levando à sexualização precoce. “É a condição de colocar o ser humano que está em desenvolvimento, se humanizando, tentando aprender a dominar seus impulsos agressivos e libidinais, numa condição aonde se investe somente nas condições de sedução, erotismo, atração, estética corpórea. Valoriza-se mais o investimento no corpo do que nos afetos, valores e autoestima”, explica Marina.
Mas não são somente os pais os responsáveis por essa cultura. “A mídia e os valores consumistas levam as meninas a adquirem maquiagem, tinturas de cabelo, esmaltes, bijuterias e mesmo o controle do corpo para ficarem magras e serem manequins. Notamos que a aquisição destes bens não se basta um esmalte, uma bijuteria, mas se anseia pelo exagero, precisa-se ter uma coleção disto tudo”, diz a psicóloga.
Cuidado com os produtos
Perfume, esmalte, gel de cabelo, maquiagem, creme hidratante, xampu e condicionador… A lista de produtos infantis não para de crescer. “Os cosméticos ao público infantil têm formulação especial para não agredir a pele e os cabelos das crianças, além de suaves fragrâncias. É fundamental que os produtos utilizados estejam de acordo com a idade”, orienta a dermatologista Denise Lima.
A maquiagem deve ser evitada a qualquer custo. “Se isso não for possível, prefira os produtos infantis, que saem com mais facilidade na água. Opte por marcas conhecidas e, mesmo sendo antialérgica, faça o teste na criança”, salienta a médica.
De acordo com Denise, os esmaltes não deveriam fazer parte da brincadeira, pois possuem solventes em sua composição. Mas as menininhas não precisam chorar. Há no mercado esmaltes desenvolvidos para crianças e que saem com água e sabão.
SERVIÇO:
– Astros e Estrelas Kids – www.astroseestrelaskids.com.br
– Marina Almeida – psicóloga – www.institutoinclusaobrasil.com.br
– Spa Shishindo – www.shishindo.com.br