Como a escola deve agir
É na escola que o bullying encontra o palco ideal para a sua disseminação. Portanto, cabe à escola adotar medidas preventivas, antes que o problema se instale e inviabilize o processo sócio-educacional. Cleo Fante diz que o primeiro passo é a conscientização de toda a comunidade escolar sobre essa problemática. O segundo é capacitar os profissionais da educação para a identificação, diagnóstico e encaminhamento dos casos encontrados. Priscila Gaspar concorda. Mas ressalta que as campanhas devem deixar claro que esse comportamento não será tolerado e incentivar a formação de um ambiente escolar seguro e sadio, com ênfase no respeito às características individuais e diferenças. Só assim pode haver amizade, solidariedade e respeito mútuo. “É importante que todos estejam engajados no programa: professores, alunos e funcionários. Pedir que os próprios alunos colaborem na campanha com idéias e planos de ação costuma ser mais bem-aceito que um plano pronto, imposto pelas autoridades da escola”, diz a psicóloga.
Um bom exemplo
Algumas escolas brasileiras, conscientes da gravidade do problema, já estão implementando medidas para evitar o bullying. É o caso da Escola Americana, no Rio de Janeiro. “No próximo ano letivo, vamos implementar um programa de prevenção de bullying, que envolve a escola como um sistema. Em qualquer escola, é preciso fazer com que o clima e as normas sociais internas se modifiquem para reduzir o bullying. Isso requer treinamento e esforços conjuntos de administradores, professores, motoristas, pessoal de limpeza, funcionários da cantina, ou seja, de todos. E os pais precisam ser informados. As regras da escola e políticas referentes ao assunto precisam ser estabelecidas e reforçadas com consistência”, afirma Penny de Mello e Souza, conselheira do Middle School (Ensino Fundamental).
Penny conta que, quando algum caso é identificado, a escola volta as atenções para os dois extremos: o “agressor” e a “vítima”. Segundo ela, os alunos devem ser orientados sobre o significado do bullying e informados de que a escola não é conivente com a situação. “Encorajamos os alunos intimidados a procurar ajuda com os conselheiros ou junto à direção. Esta, por sua vez, fornece todo o apoio à vítima e reúne-se com os agressores como forma de prevenir incidentes futuros. O caso é monitorado de perto e, caso se repita, são tomadas ações disciplinares. Nossa posição anti-bullying é comunicada claramente à comunidade escolar. Em geral, os professores e funcionários sabem como identificar o problema e relatá-lo. O aluno precisa saber que tem o direito de estar seguro e ser respeitado na escola”, ressalta.
A conscientização dos alunos, professores e funcionários é feita através de muita conversa em ambiente escolar e também pela obediência a quatro regras do Olweus Bullying Prevention Program:
- 1) Não intimidar o outro
- 2) Tentaremos ajudar os alunos que sofrerem esse tipo de ameaça
- 3) Incluiremos em nosso grupo alunos que são facilmente renegados pelos colegas
- 4) Se soubermos de algum caso, contaremos a um adulto na escola ou em casa