Crianças hipertensas

por | jun 30, 2016 | Casa

Cada vez mais freqüentes nas crianças, doenças como hipertensão, dislipidemia, diabetes e obesidade são geradas, de acordo com especialistas, pela combinação de fatores que já conhecemos: alimentação inadequada, atividade física nula e histórico familiar. “O tempo de permanência excessivo diante da televisão pode levar a uma vida sedentária. Dessa forma, a criança ganha peso e, se não prevenido, isso pode levar a obesidade na vida adulta com suas conseqüências – doenças cardíacas, hipertensão arterial e diabetes mellitus”, orienta o Dr. Kuperman.

A hipertensão é o aumento da pressão sanguínea no sistema arterial. Em crianças, o diagnóstico mais comum é para a hipertensão do tipo primária ou essencial e, além da predisposição genética, este tipo está diretamente relacionado ao estilo de vida. É bom que os pais fiquem em alerta: de acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, a doença está presente em 5% dos 70 milhões de crianças e adolescentes no Brasil. Ou seja, 3,5 milhões de pessoinhas que precisam de tratamento. No Rio de Janeiro, a hipertensão juvenil está em torno de 7%. Em Belo Horizonte e Florianópolis o índice é de 12%. Em Salvador, 4% das crianças e adolescentes têm hipertensão arterial.

Crianças magras ou com peso adequado podem apresentar os distúrbios, principalmente ligados a condições genéticas e familiares

E engana-se quem pensa que a atenção deve estar voltada somente aos gordinhos. Crianças magras ou com peso normal também apresentam quadros de hipertensão e colesterol alto, outra doença que chega cada vez mais cedo. É a chamada dislipidemia, caracterizada por alterações metabólicas lipídicas, como o aumento dos níveis de gordura (colesterol e triglicérides) no sangue. E isso pode levar a diversas disfunções cardíacas graves no futuro, como, por exemplo, a doença arterial aterosclerótica, causada pelo acúmulo de gordura nas paredes arteriais. “Crianças magras ou com peso adequado podem apresentar os distúrbios, principalmente ligados a condições genéticas e familiares”, explica o Dr. Hermes Xavier.

O acúmulo de gordura no sangue das crianças está diretamente ligado aos hábitos alimentares. E eles não são dos mais saudáveis… Arroz, feijão e saladas desapareceram do cardápio e deram lugar aos sanduíches e à batata frita. E na correria diária, a cozinha de casa também vira um fast food. Com isso, a alimentação ganhou uma dose extra de gorduras saturadas, o que aumenta as taxas de colesterol. Para garantir que tudo está conforme manda a cartilha da boa saúde, inclua exames para detectar os índices de colesterol no sangue da criança a partir dos dois anos de idade.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas com 1.937 crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos mostrou que 44% dos entrevistados tinham níveis alterados de colesterol. E as estatísticas comprovam: o número de crianças obesas só cresceu. “A obesidade infantil cresce para níveis alarmantes no mundo todo. Nos Estados Unidos cerca de 25% das crianças já estão com peso acima do normal para a idade.

O Brasil é um dos países onde a obesidade infantil cresce de maneira mais rápida. Por aqui passou de 4% para 14% em apenas 30 anos, e o que preocupa é que cresceu mais nas classes pobres, ou seja, o acesso a alimentação melhorou, mas não foi dada a devida educação alimentar. Além disso, os alimentos mais baratos (massas e gorduras), são os que mais engordam”, afirma a endocrinologista Jacqueline Araújo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.