Por Ana Paula Bucar Cervasio
A obesidade infantil vem crescendo nos últimos anos em vários países, inclusive o Brasil. É preciso alertar aos pais sobre quais são as conseqüências prejudiciais provocadas pela obesidade.
Um dos objetivos do tratamento é a redução calórica da dieta que ocorre através da redução de gorduras e açúcar simples (açúcar de adição – sacarose) da dieta. As calorias oriundas do açúcar são consideradas nutricionalmente vazias uma vez que não contêm vitaminas e minerais, dessa forma a sua troca por adoçante dietético reduz a quantidade calórica do alimento ou preparação e consequentemente da ingestão diária.
O adoçante dietético possui poder de adoçamento muitas vezes maior do que o açúcar branco e é recomendado tanto para dietas de emagrecimento quanto as de restrição. Os adoçantes denominados calóricos são a frutose, o xilitol, o manitol e o sorbitol. A frutose é um adoçante natural encontrado nas frutas, contêm as mesmas calorias que a sacarose (presente no açúcar branco), porém seu alto poder adoçante a torna um adoçante pouco calórico, uma vez que são necessários dosagens pequenas para atingirmos o sabor adocicado. Um estudo avaliou o uso da frutose na limonada e foi observado que a quantidade era semelhante a da sacarose, porém era bem menor o seu uso para adoçar biscoitos, bolos ou pudins.
Os álcoois de açúcar incluem o xilitol, sorbitol e manitol. Esses adoçantes têm calorias menores do que a sacarose, não causam cáries e por isso são altamente utilizados na produção de goma de mascar e balas diets, também tem efeito laxativo quando consumido em quantidades aumentadas, dessa forma devem ser usados com precaução por crianças pequenas uma vez que podem afetar a absorção de determinados nutrientes.
Os adoçantes não calóricos, denominados de adoçantes artificiais são: sacarina, aspartame, acesulfame, ciclamato e stévia. A sacarina foi descoberta em 1879 sendo o primeiro adoçante artificial produzido para adoçar os alimentos. Possui sabor residual amargo e metálico. Em 1977 foi correlacionado com a incidência de câncer, porém em 1985 a Associação Médica Americana reavaliou a sua utilização como adoçante, mas recomendou um monitoriamento contínuo e a avaliação do seu consumo em crianças pequenas uma vez que os dados do efeito da sacarina neste grupo é limitada. Adoça cerca de 300 vezes mais do que a sacarose e não fornece nenhuma caloria. É um derivado do petróleo não metabolizado pelo organismo e excretado de forma inalterada pelo rim.
O ciclamato também é um derivado do petróleo e adoça cerca de trinta vezes mais que a sacarose, possui um sabor rersidual doce-azedo, porém é importante verificar a sua ingestão em crianças com restrição de sódio. O acesulfame foi aprovado pela FDA (Food and Drugs Administration) em 1988 para ser utilizado nos Estados Unidos, é 200 vezes mais doce que a sacarose, o seu sabor residual é semelhante a glicose (mais doce que a sacarose), não causa cáries e o organismo não o metaboliza. As crianças que necessitam de dieta com baixo teor de potássio (Insuficiência Renal) devem evitar grandes quantidades desse adoçante.
Descoberto em 1905 a Stévia é o adoçante extraído da stévia, planta originária da Serra do Amabaí, na fronteira do Brasil com o Paraguai e é bastante consumido no mundo oriental, adoça cerca de 200 vezes mais do que a sacarose. É o único adoçante de origem vegetal produzido em escala industrial. Não há contra-indicações em seu uso. O aspartame foi descoberto em 1965, porém só foi aprovado em 1981 pela FDA. É uma proteína adocicada produzida a partir de dois aminoácidos encontrados normalmente nos alimentos: metil éster fenilalanina e ácido L aspártico. É 43 vezes mais doce do que a sacarose e possui sabor residual similar. Não deve ir ao fogo porque em altas temperaturas sofre uma reação que causa perda do sabor doce.
Recomenda-se acrescentar o produto aos alimentos e líquidos após a retirada do fogo, apesar de não terem sido notadas alterações quando utilizado em preparações com leve aquecimento ou em recheio de bolo ou tortas. Deve ser misturado ao alimento, de preferência, no momento de consumo. É contra indicado para os portadores de fenilcocetenúria (incapacidade do organismo de metabolizar a fenilalanina). Esta anomalia é rara e geralmente é diagnosticada no nascimento. A American Medical Association junto com a FDA regulamentou o seu consumo como seguro por pessoas de todas as idades, incluindo crianças e gestantes.
A ingestão aleatória de adoçantes por crianças que não necessitam de restrição calórica ou restrição de açúcares simples deve ser avaliada pelo nutricionista ou pediatra, uma vez que crianças precisam de calorias para seu crescimento e desenvolvimento adequados.
Ana Paula Bucar Cervasio é nutrucionista-clínica, mestre em nutrição humana pela UFRJ