Gripes e resfriados

Gripes e resfriados são freqüentes nessa época do ano e atingem, principalmente, as crianças. Mas como agir diante desses surtos? Como distinguir um resfriado de uma gripe? Essas são apenas algumas questões que afligem os corações das mamães, que estão sempre trocando dicas sobre o que se deve – ou não – fazer para que o quadro da gripe não se agrave. Mas, na ânsia de resolver o problema e evitar maiores transtornos, um dos erros mais cometidos por elas é a automedicação. Entretanto, mesmo em uma aparentemente inofensiva gripe, o mais importante ainda é consultar um médico.

Não há mãe que não entre em pânico ao ver seu filho prostrado e sem fome por causa da febre. Mas isso não é motivo para desespero, já que esse comportamento é absolutamente normal, uma vez que a criança está economizando energia. “A digestão gasta muita energia do corpo, assim como brincar” afirma o médico homeopata Fernando Pitanga. “Até o delírio é uma forma do corpo economizar energia, pois a criança fica sem consciência”, completa. Por isso, ele recomenda que a mãe não dê banho frio e nem mesmo antitérmicos, antes de consultar o pediatra.

Quanto aos sintomas da gripe, Fernando chama a atenção para a tosse, o catarro e a dor de garganta que, juntamente com a febre, devem ser tratados por um médico. “As mães nunca devem automedicar seus filhos, mas procurar logo um médico que possa observar os sintomas e dar um diagnóstico correto”, aconselha. Segundo ele, elas não devem se apavorar por causa da febre, pois é através dela que o corpo se defende de corpos estranhos. “A febre é uma reação sadia do organismo e o preocupante é quando o corpo não consegue energia para gerar febre. Quando o organismo não reage, se torna mais fácil a gripe se complicar ou evoluir para uma pneumonia ou amigdalite”, revela ele.

Dr. Fernando esclarece que a homeopatia trata um surto de gripe com a mesma eficácia do que a alopatia, mas ressalta que, enquanto a alopatia trata dos sintomas, a homeopatia trata das causas. “Ela estimula a reatividade da pessoa fazendo com que a cura seja mais rápida”, afirma ele. Para Fernando, certos medicamentos alopatas são apenas cosméticos, o que faz com que a doença acabe indo embora sozinha ou até mesmo piorando. “A homeopatia tem uma falsa fama de curar as doenças demoradamente, mas no caso de gripes fortes ou doenças agudas é exatamente o contrário. Na realidade, os resultados são quase imediatos”, garante.

Outra importante observação é que, como a cada ano surge uma diferente epidemia de gripe, com suas características próprias, não se pode usar o mesmo remédio homeopático de um ano para o outro. “A homeopatia toma o cuidado de procurar alguns remédios específicos para atender as causas que se desenvolvem diferentemente, em cada criança, em cada época do ano”, explica. A boa notícia é que as crianças reagem mais rapidamente e melhor que os adultos, logo que são adequadamente medicadas.

A analista de sistemas Carolina de Andrade, logo que detecta um surto de gripe na escola de suas filhas, começa a dar complexos vitamínicos e mais vitamina C pura. Mas admite que faz isso por iniciativa própria e não baseada em orientação médica. “O pediatra indicou alguns tipos de vitamina que administro da minha maneira e nas horas que acho convenientes”, confessa. Para Carolina, tosse, nariz escorrendo e um pouco de febre não são motivos suficientes para ligar para o pediatra. “Espero a febre ficar acima de 38 graus para dar o antitérmico e telefonar para o médico. Não me apavoro, até porque tenho gêmeas e, volta e meia, quando uma se gripava, acabava passando a gripe para a outra. Por isso, desenvolvi autodisciplina e espero três dias para entrar em contato com o pediatra. Porém, se percebo que a coisa está preta, saio correndo para o médico. Isso, normalmente, acontece quando a febre fica demasiadamente alta, elas começam a vomitar e, principalmente, se perdem a vontade de comer qualquer coisa”, afirma.

Carolina conta que, conversando com outras mães na escola e em festas infantis, percebe que muitas ficam tão ansiosas que acabam mentindo para os médicos, dizendo que a criança está com mais febre do que na realidade está. “Isso é um absurdo porque pode induzir o médico a prescrever antibióticos para um simples resfriado”, adverte. Segundo ela, o melhor a fazer é se prevenir com as vitaminas, agasalhar bem as crianças quando está frio, vesti-las com pijamas que dispensem cobertor – já que quase todas se descobrem à noite -, usar uma camiseta de algodão por debaixo da roupa, e manter os pezinhos sempre quentinhos. “Nada que minha avó já não fizesse”, comenta.

A cantora e bailarina Márcia Pereira, mãe de Gabriela de nove anos, dá outros conselhos, como não andar descalça no inverno, não ficar em frente da geladeira e evitar tomar bebidas muito geladas. “Nem sempre consigo fazer com ela me obedeça, ainda assim ela dificilmente se gripa. Além disso, mesmo com febre alta e dor de garganta, Gabriela não pára. Ela continua correndo pela casa e dando cambalhotas no sofá. Apenas uma vez a gripe a derrubou mesmo. Ela ficou toda mole e eu procurei o médico, que receitou um antibiótico. Mas, normalmente, como ela não demonstra estar mal, acabo não fazendo nada, a não ser dar um antitérmico”, conta.

Márcia confessa que dá remédios por conta própria – a não ser antibióticos – e que só procura o médico quando percebe que o quadro geral de sua filha não melhora. Segundo ela, o importante é observar o comportamento dos filhos, se estão comendo e dormindo bem. “Se percebo que é apenas uma coriza e tosse de resfriado, nem telefono para o médico. Observo as atitudes dela e acho que isso que é importante. A mãe tem que estar atenta aos movimentos do filho sem ficar neurótica ou negligenciar”, aconselha.