Outra tradição que, aos poucos, vai desaparecendo das grandes cidades, mas que ainda se mantém viva em grande parte do interior do país é a malhação do Judas, no Sábado de Aleluia. Dizem que o costume foi trazido pelos portugueses e espanhóis para toda a América Latina. No começo, o boneco representava a figura do Judas Iscariotes; atualmente, outras personagens foram substituindo o traidor de Cristo, numa manifestação folclórica tradicional, da qual participa toda a comunidade, do avô ao netinho. A fofoqueira do bairro, o síndico mal-amado pelos condôminos e principalmente os políticos não saem ilesos dessa “homenagem”. Depois de passarem a noite pendurados em postes ou árvores, os bonecos são malhados a pauladas, explodidos, queimados, atropelados e, enfim, eliminados. Como bodes expiatórios, é neles que o povo extravasa a sua insatisfação com a situação reinante.
Alguns povos da Antigüidade consideravam o coelho como o símbolo da Lua. Portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa
Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim?
Mas convenhamos que para “glutões”, “comilões” e principalmente crianças e chocólatras, o bom mesmo da celebração são os ovos de Páscoa. Só mesmo quem não teve infância é capaz de dizer que nunca cantarolou ou desconhece aquela famosa musiquinha, de autoria de uma desconhecida Olga Bhering Pohlmann, que diz assim: “Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim. Um ovo, dois ovos, três ovos assim”. Deu vontade de cantar, né? E as mamães que buscam seus filhos nas escolas? Dá gosto ver o filhote ou a filhota com o nariz e a bochecha pintada e a orelhinha de papelão eternizando aquela fotografia que vai ser guardada por toda a vida. Duro é quando mais tarde o “pimpolho” chega em casa, abre a embalagem do ovo nesse nosso país tropical e sai lambuzando paredes, móveis, aparelhos de telefone, mouses e a própria roupinha, claro. Mas “se sujar faz bem”, como informa a campanha de um sabão em pó.
A tradição do Coelhinho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e o início do século XVIII. No Antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade consideravam o coelho como o símbolo da Lua. Portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa. O certo é que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução, e geram grandes ninhadas, e a Páscoa marca a ressurreição, vida nova, tanto entre os judeus quanto entre os cristãos. Existe também a lenda de que uma mulher pobre coloriu alguns ovos de galinha e os escondeu, para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram os ovos, um coelho passou correndo. Espalhou-se, então, a história de que o coelho é que havia trazido os ovos.
O grande consumo de chocolate nessa época do ano estimula as grandes empresas a investirem no lançamento de novos produtos. A Chocolates Garoto, por exemplo, lançou esse ano 14 novos ovos de Páscoa, inclusive para a criançada. Desde ovos Baton recheados de brinquedos até o tradicional Serenata de Amor Jóia que traz um pingente folheado em ouro 18 quilates. O principal alvo, claro, são as mulheres. A Nestlé também lançou oito novos produtos. As principais novidades são os ovos à base de soja e as campanhas publicitárias com anúncios históricos.
É tempo de Páscoa. É tempo de olhar-se no espelho, usar blush, batom ou qualquer perfume. É tempo de namorar, cantar, dançar e assobiar. E, claro, de comer muitos ovos de Páscoa. Mesmo que tenha que lambuzar as mãos e os dedos.