Prato único

Digamos que você sempre tenha babado ao ver aqueles famosos risotos italianos nos restaurantes e na TV. Digamos que, num ataque de boas intenções, tenha até perguntado uma ou duas vezes a pessoas que considera “entendidas” em assuntos de panelas quais são os segredos da deliciosa iguaria. Digamos que tenha prestado atenção na receita (ou em boa parte dela), mas que a idéia de passar meia hora (ou mais) mexendo uma panela fumegante no fogão é mais do que você suportaria. Isso, sem mencionar o risco de um calo na mão pelo esforço ou que seus cabelos fiquem cheirando a comida no final do processo.

Ok, ok. Você não é o que se pode chamar de uma “cozinheira de mão cheia”. Aliás, até bem pouco tempo atrás, sua obra-prima de verão era uma lata de atum e um tomate cortado em rodelas, ambos temperados com azeite e sal. No inverno, suas incursões culinárias se resumiam a um pacote de miojo, temperado com uma pitada de páprica.

A boa notícia é que seus dias de Cup O’Noodles acabaram! Com esse Risoto-Me-Engana-que-Eu-Gosto incrivelmente fácil e ridiculamente prático, você só não brilha se não quiser

A boa notícia é que seus dias de Cup O’Noodles acabaram! Com esse Risoto-Me-Engana-que-Eu-Gosto incrivelmente fácil e ridiculamente prático, você só não brilha se não quiser. E tem mais: como reza a boa tradição italiana, o risoto é um prato que se basta, ou seja, não precisa preparar MAIS NADA para servir com ele.

Isso se explica, em parte, pela origem do risoto que, quando surgiu, no norte da Itália, era chamado de “sopa seca” e considerado o prato de resistência dos agricultores. Com o tempo, o risoto deixou de ser “coisa do povo”, ganhou a companhia de ingredientes sofisticados como o funghi secchi e o açafrão e tornou-se uma opção charmosa nas melhores mesas.

Dizem os entendidos que um bom risoto deve ser preparado com arroz arbóreo ou carnaroli, em panela de fundo grosso e largo, para que possa ser mexido uniformemente, sem queimar. Só que nós não vamos usar nada disso. Caso contrário, não faria o menor sentido chamá-lo de Risoto-Me-Engana-que-Eu-Gosto, certo? Pois vamos a ele:

Risoto-Me-Engana-que-Eu-Gosto de Rúcula e Tomate Seco

Antes de mais nada, nada de panela especial, arroz caríssimo e horas e horas mexendo a panela. O objetivo aqui é fazer um falso risoto, com esforço mínimo e grande efeito moral.

2 xícaras (chá) de arroz já cozido e temperado

1 xícara (chá) de creme de leite fresco

6 colheres (sopa) de tomate seco, cortado em pedaços pequenos

Meio maço limpo de rúcula

2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado

Molho branco:

2 colheres (sopa) de manteiga

1 colher (sopa) de farinha de trigo

2 xícaras (chá) de leite quente

Pimenta-do-reino e sal a gosto

Dos ingredientes:

O arroz

Aos puristas que estremeceram ao ler “arroz já cozido e temperado”, eu digo que é isso mesmo. Arroz pronto. Frio, até. De ontem, de repente. Em caso de dúvida, já publiquei receita de arroz aqui, mas se tiver preguiça até de fazer arroz, compre pronto no supermercado, que ninguém vai desconfiar.

O creme de leite

Fresco, pelamordedeus! A única coisa capaz de estragar o Risoto-Me-Engana-que-Eu-Gosto é um creme de leite em lata. Tá bom. Eu deixo você usar creme de leite naquelas embalagens Longa Vida, mas não vá além disso, ou eu não me responsabilizarei.

A rúcula

Rúcula é aquele matinho verde que costuma ficar perto da alface no supermercado. Se não souber identificar, erga o vegetal e veja se tem uma raizinha na base do caule. Se tiver, pode comprar sem susto: é rúcula. Ah, não se esqueça de lavar antes de usar, sim? Ou compre logo aqueles saquinhos estufados de salada pronta e lavada. Custa o triplo do preço, mas poupa um monte de trabalho.

O molho branco

Também já dei a receita aqui. Não tem segredo e nem requer prática; só um mínimo de boa vontade.

Como fazer:

Em uma panela, prepare o molho branco. Derreta a manteiga e doure a farinha nela. Baixe o fogo e vá colocando o leite quente aos poucos, mexendo até incorporar. Continue mexendo e adicionando o leite até obter um creme liso e homogêneo. Tempere com sal e pimenta a gosto. Coloque o creme de leite e deixe evaporar um pouco. Junte o arroz cozido e misture bem. Coloque os tomates secos picados, misture, e, por último, ponha a rúcula rasgada. Retire do fogo e polvilhe com queijo ralado.

Sirva com um espumante brut, vinho branco ou um tinto jovem como o Gamay, levemente resfriado.

Acabou. Mais nada. Improvável, sem dúvida, mas fica ótimo porque eu já testei e adorei. Dispa-se dos seus preconceitos e experimente. Depois você me conta.