Atualmente, as crianças estão cercadas por uma infinidade de opções de entretenimento digital. Tablets, celulares e televisões oferecem conteúdos cheios de estímulos visuais: cores vibrantes, cortes rápidos e cenas intensas.
Mas e se, em vez disso, os pequenos assistissem a desenhos antigos?
A discussão ganhou força após a influenciadora de maternidade Ana Luisa Fernandes viralizar ao relatar que o comportamento dos filhos mudou quando eles passaram a assistir a produções clássicas, deixando de lado os desenhos atuais.
Desde então, muitos pais têm se perguntado: quais são, afinal, os benefícios desse hábito?
Educação de crianças que consomem desenhos antigos

As animações da década de 1990, por exemplo, apresentam um ritmo narrativo mais lento, assim como uma sobrecarga menor de estímulos – e, segundo a psicológa Iasmim Manzano, do Centro Pediátrico da Lagoa (CPL), estas são características que favorecem um importante tempo de elaboração psíquica para a criança.
“Esse ‘tempo para pensar’ permite que a criança simbolize, construa imagens internas e elabore afetos a partir da história. No lugar de responder imediatamente a estímulos intensos, ela pode metabolizar os conteúdos de forma mais profunda e fortalecer a sua capacidade de concentração e imaginação”, explica.

Afinal, se a formação de identidade ocorre por volta dos 5 aos 10 anos, personagens de desenhos animados certamente atuam como objetos de identificação.
“A criança elabora fantasias inconscientes a partir das relações que observa. Nos desenhos, por exemplo, heróis que ajudam a lidar com medos, e vilões encarnam aspectos agressivos e proibidos. As condutas podem ser absorvidas, dependendo de como são apresentadas e simbolizadas no enredo”, pontua Manzano.
Benefícios

Ao utilizarem menos estímulos simultâneos, valorizar diálogos e histórias mais lineares, animações antigas oferecem benefícios cognitivos e psíquicos importantes, de acordo com a especialista.
“Desenhos antigos favorecem memória de trabalho, atenção e capacidade de organizar informações, já que a criança precisa acompanhar a sequência narrativa. Além disso, na linguagem, contribuem para o enriquecimento do vocabulário e a compreensão de metáforas”, afirma a psicóloga.
Logo, os clássicos não apenas ensinam, mas abrem espaço para que a criança elabore internamente desejos, conflitos e fantasias, fortalecendo sua criatividade e subjetividade.
Ainda assim, é necessário dosar

No entanto, assistir apenas a esse tipo de conteúdo pode restringir a inserção cultural da criança no mundo real – “algo que também tem função subjetiva importante na constituição de identidade e pertencimento social”, conclui a especialista.