O leite materno é fonte de grandes benefícios emocionais e físicos para mãe e filho, além de ser o principal alimento para os bebês de até um ano de idade, reunindo mais de 200 nutrientes. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que os bebês mamem exclusivamente até os seis meses e que recebam o leite materno até os dois anos de idade ou mais, para garantir que os benefícios do leite sejam incorporados à saúde do pequeno.
Ainda que a amamentação prolongada assegure os nutrientes e os benefícios emocionais para o bebê, existem casos em que a mãe sente necessidade de desmamar. A escolha pode ser motivada por inúmeros motivos – trabalho, cansaço, pressão social, etc – os quais devem ser respeitados. O importante, contudo, é fazer o desmame gradualmente, pois uma atitude abrupta pode causar traumas futuros para o bebê.
Deixar de dar de mama: desmame gentil
Não é só quando sente fome que o bebê quer mamar, a amamentação representa inúmeras outras coisas para o pequeno, que vê no colo da mãe uma proximidade com o lugarzinho de onde veio. Por isso, é muito necessário que o processo de desmame seja gentil e cuidadoso, para não causar problemas futuros.
De acordo com o pediatra Dr. Marcus Renato de Carvalho, a melhor forma de fazer isso é abrir um canal de diálogo com o pequeno, explicando que mesmo sem dar o peito a mãe sempre vai estar presente. Além do diálogo, existem outros hábitos que podem ser incorporados para tornar esse processo mais tranquilo e mais respeitoso, de modo a não prejudicar o vínculo entre mãe e bebê.
Como fazer o desmame: etapas
Perceber se o bebé está preparado
O processo do desmame só pode ser iniciado quando o bebê tem mais de um ano, antes disso, cessar a amamentação pode causar problemas graves à saúde do pequeno. Um vez que esteja nessa faixa etária, é importante perceber a frequência com a qual ele pede o peito, em quais momentos ele pede e se ele aceita outras formas de consolo.
Observe também se o comportamento do pequeno muda quando ele não mama. Todas essas informações serão importantes para entender a velocidade com que a amamentação pode ir sendo interrompida.
Conversar com a criança
No caso de uma criança já mais crescida, é possível iniciar um diálogo para explicar o motivo do desmame e como vai acontecer. Lembrando de deixar claro que isso não afeta a relação entre mãe e filho.
Desmamar gradualmente
É importante que o desmame aconteça gradativamente. O ideal é ir diminuindo as mamadas um horário por vez, priorizando interromper as mamadas mais fáceis primeiro. A amamentação da noite, por exemplo, é a mais difícil, por isso o ideal é deixa-la por último. Substituir as mamadas por outros alimentos ou por distrações pode ajudar muito no processo.
Não ter pressa
Além da adaptação do bebê, outro motivo para o desmame acontecer lentamente é para dar um tempo para o organismo diminuir a quantidade de leite produzido. Se a interrupção for súbita, poderá haver acúmulo de leite, dor e até mastite.
Criar outras distrações
Distraia a criança nos horários em que ela não irá mamar. Pode ser um passeio, uma brincadeira nova, uma visita de alguém, etc…
Mudar rotina
Outra forma de ir inserindo o desmame na rotina do bebê é esperar até que ele peça o peito ao invés de oferecer.Tente criar outra rotina, para que o bebê não associe lugares e horários ao momento da amamentação.
Maternidade sem julgamento
Kelly Marquês Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação, ressalta na página Pediatria Descomplicada, a importância de tirar o tabu do tema da amamentação e de respeitar a individualidade e a escolha da mulher. O processo cabe ao escopo de responsabilidades da mãe e pode ser feito de forma bastante gentil com o bebê. Para a médica, a maternidade não pede julgamento, mas sim compreensão.