Mariana Bueno
Do Bolsa de Bebê
O consumo de vitaminas é essencial para a saúde e o bom funcionamento do nosso corpo. Especialmente durante a gravidez, quando os cuidados precisam ser redobrados, pois a deficiência de determinados nutrientes no organismo pode causar sérios danos não só para a mãe, mas também para o bebê. Uma dessas substâncias é o folato, ou ácido fólico. “O folato ou vitamina B9 é encontrado na natureza, principalmente nas folhas verdes (espinafre, brócolis, aspargos, couve), legumes, feijão gema do ovo, fígado, carnes de vaca e porco e frutas cítricas. Já o á cido fólico é um produto sintético, industrialmente fabricado, que tem estrutura química semelhante ao folato, presente em alimentos artificialmente enriquecidos e produtos farmacêuticos”, explica o ginecologista e obstetra Emílio Francisco Marussi, do Instituto do Radium de Campinas.
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Na década de 60, na Inglaterra, pesquisas levantaram a hipótese de que a deficiência de folatos na alimentação poderia estar associada a uma maior prevalência de defeitos do tubo neural. Estudos subsequentes confirmaram que o uso de ácido fólico antes do início da gestação diminuiu em mais de 50% a incidência destas sérias malformações, como anencefalia, meningoceles, espinhas bífidas e encefaloceles. Por isso é recomendado que as mulheres que queiram engravidar consumam a vitamina. “Os folatos e o ácido fólico não podem ser sintetizados pelo corpo humano e devem ser obtidos na dieta, com suplementos farmacêuticos ou em alimentos enriquecidos artificialmente. Ambos, uma vez ingeridos, serão metabolizados para sua forma ativa, o L-metilfolato, que é o elemento que realmente vai participar das complexas reações químicas envolvidas no crescimento e multiplicação celular, além de inúmeras outras reações químicas necessárias para o nosso bem-estar”, diz.
A deficiência destes elementos pode levar a sérios problemas para o bebê, como os já citados defeitos do tubo neural, malformações do cérebro e da coluna espinhal. Além desses, há suspeitas de que também outras malformações possam estar relacionadas a essa deficiência, como defeitos cardíacos, faciais, de membros e até cromossômicos. Para a mãe, pode acarretar em anemia e, principalmente, doenças de nervos periféricos.
“A alta demanda motivada pelo crescimento do bebê, da placenta e do útero, além das necessidades maternas, torna o uso do ácido fólico necessário durante toda a duração da gestação, devendo ser iniciada de dois a três meses antes da concepção, indo até o fim da lactação”, afirma. O grande problema, segundo o médico, é que cerca de 50% das gestações, mesmo em países desenvolvidos, acontecem sem planejamento. Por esse motivo, dezenas de países, principalmente nas Américas, iniciaram, na década de 90, a fortificação obrigatória de alimentos como farinhas de trigo e milho, além de cereais industrializados, com ácido fólico, na tentativa de prover nossas necessidades biológicas.
O Ministério da Saúde do Brasil recomenda administração preventiva de ácido fólico pré-gestacional na dose de 5 mm, via oral, durante 60 a 90 dias antes da concepção até o fim da amamentação. Para mulheres com antecedentes pessoais ou familiares destas malformações, diabéticas, insulino-dependentes, obesas, fumantes, portadoras de epilepsia em uso de anticonvulsivantes, as doses devem ser maiores. No entanto, consulte sempre seu médico antes de tomar qualquer vitamina ou remédio.
O médico alerta que é importante saber que esses defeitos têm outras origens que não apenas a deficiência de ácido fólico, mas causas gênicas, por exemplo. O uso do ácido fólico não será capaz de eliminar completamente a ocorrência destas malformações. “Na realidade tudo deve começar com alimentação saudável, equilibrada, e que seja rica em folatos. O acréscimo de ácido fólico, que é melhor absorvido do que os folatos, não deve ser uma atitude isolada na prevenção de problemas na gestação. É recomendável também vacinações, atividade física, evitar vícios como tabagismo, álcool e drogas, além de um pré-natal adequado”, finaliza.