O processo de fecundação e desenvolvimento do feto está repleto de etapas delicadas nas quais uma mínima alteração pode causar anomalias. A seguir, o obstetra Guilherme Loureiro, responsável pelo serviço de medicina fetal da Pro Matre Paulista, elenca quais são as principais causas de malformações em bebês e indica o que pode ser feito para evitá-las.
Quais são as causas de malformação em bebês?
Alterações cromossômicas
Cromossomos são uma longa sequência de DNA que carrega a informação que cada célula precisa para crescer, se desenvolver e reproduzir.
Naturalmente, o ser humano tem 23 pares de cromossomos. Quando essa contagem é diferente, ele nasce com síndromes que podem incluir malformações.
A mais famosa delas é a síndrome de Down, que, embora não seja uma doença, gera baixo tônus muscular e deficiência intelectual.
Ainda não há medidas para evitar tais anomalias.
Idade avançada
Gestantes com idade avançada têm mais chances de ter filhos com malformações, o que configura outra causa não evitável da condição.
A explicação para isso é que a mulher nasce com todos os óvulos formados – eles envelhecem juntamente com ela -, então, quanto mais velhos eles são, menor é sua capacidade de divisão celular.
“Por exemplo, mulheres com 35 anos têm 0,5% de chance de ter um filho com Down, enquanto as de 40 apresentam 1% e as de 45 têm 5%”, exemplifica o obstetra.
Anomalias congênitas
Ainda é possível que o feto nasça com alguma alteração genética aleatória, que geralmente tem cunho hereditário, como lábio leporino. Ainda não há como evitar essas malformações.
Comida crua ou malpassada
O obstetra ressalta que mulheres que nunca tiveram infecção por toxoplasmose podem desenvolvê-la na gravidez perante o consumo de carne contaminada crua ou malpassada de mamíferos.
Neste caso, há chance de o parasita afetar o bebê e prejudicar a formação de seu sistema nervoso central. Portanto, o melhor é deixar carpaccio e kibe cru para daqui a nove meses.
Déficit nutricional
A gestante que apresenta falta de nutrientes também pode vir a ter um feto com malformação.
Um exemplo conhecido desta situação se refere às mulheres com falta ou excesso de ácido fólico cujos filhos nascem com defeito no tubo neural, lábios leporinos ou fenda palatina.
Assim, vale seguir o pré-natal adequadamente e, de preferência, fazer exames antes mesmo de engravidar para avaliar a necessidade de suplementação.
Diabetes tipo 1 ou 2
Mulheres com níveis descontrolados de açúcar no sangue na fase pré-concepcional ou no primeiro trimestre de gravidez têm mais chance de ter filhos com malformações congênitas.
Para evitar isso, é indicado manter a glicose controlada antes mesmo de engravidar.
Doenças infecciosas
Algumas infecções contraídas pela gestante podem ser causas de malformação em bebês, tais como infecção por citomegalovírus e zika vírus.
Medicamentos
O médico ressalta que existem medicamentos que causam malformação no feto, como os antiepiléticos, que aumentam o risco de anomalia na face, coluna e sistema nervoso central.
Outro com tal potencial é o remédio dermatológico isotretinoína, cujo nome comercial mais conhecido é Roacutan. O risco é tanto que antes do uso é indicado que a mulher faça testes de gravidez supervisionados.
Alguns tipos de antidepressivos também têm risco de predispor alterações, já que influenciam os genes a não fazerem o trabalho que devem.
Assim, busque um médico antes de tomar qualquer medicamento na gestação.
Sauna
De acordo com o especialista, outra causa de malformação em bebês é a permanência em saunas, já que o vapor quente pode levar ao rompimento do cromossomo fetal, gerando síndromes.
Cigarro e drogas causam malformação?
O tabagismo não é considerado uma das causas de malformação, mas seu consumo não é indicado na gravidez porque pode gerar déficit no envio de oxigênio para o feto, fazendo com que a placenta envelheça prematuramente e o bebê cresça menos do que o previsto.
O mesmo ocorre no consumo de drogas por parte da mãe, como craque e cocaína. “Já a maconha pode diminuir a inteligência perceptiva futura do bebê”, acrescenta o médico.
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Colaborou Ligia Lotério