Como saber quando a dificuldade da criança para ler e escrever pode ser dislexia

por | jul 28, 2019 | Gravidez e bebês

A dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem que se torna evidente na época da alfabetização. A dificuldade de leitura e escrita são um dos sinais que elucidam o distúrbio, no entanto, nem sempre fica evidente para os adultos quando se trata mesmo de dislexia ou quando se trata de dificuldades comuns e esperadas em termos de processo de aprendizagem.

Dislexia

O que é?

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O Instituto ABCD define a dislexia como um transtorno que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. Ela tem as suas raízes em sistemas cerebrais responsáveis pelo processamento fonológico. Essa diferença no processamento fonológico faz com que pessoas com dislexia tenham dificuldade para processar os sons das palavras e associá-los com as letras ou sequência de letras que os representam.

A dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem porque os seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico de alunos e não existe nenhuma outra alteração (neurológica, sensorial, cognitiva ou motora) que justifique as dificuldades observadas.

Causas

De acordo com a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD), há causas variadas para o distúrbio, como pais com dificuldades pregressas na vida escolar; casos semelhantes nos familiares como avós, tios, primos; presença de genes potencialmente responsáveis pelo quadro; ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos.

Como identificar a dislexia?

É importante lembrar que a dislexia geralmente envolve um conjunto de sintomas. A manifestação e intensidade desses sintomas variam em cada pessoa. Há diferentes graus de dislexia, normalmente descritos com leve, moderada e severa. O grau de dislexia é geralmente categorizado baseado na severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo.

Na linguagem oral:

  • Atraso no desenvolvimento da fala;
  • Problemas para formar palavras de forma correta, como trocar a ordem dos sons na palavra (popica / pipoca) ou confundir palavras semelhantes (umidade / humanidade);
  • Erros de pronúncia, incluindo trocas, omissões, substituições, adições e misturas de fonemas;
  • Dificuldade para nomear letras, números e cores;
  • Dificuldade em atividades de aliteração e rima;
  • Dificuldade para se expressar de forma clara.

Na leitura:

  • Dificuldade em decodificar palavras;
  • Erros no reconhecimento de palavras, mesmo das mais frequentes;
  • Leitura oral devagar e incorreta. Pouca fluência com inadequações de ritmo e entonação, em relação ao esperado para idade e escolaridade;
  • Compreensão de texto prejudicada como consequência da dificuldade para decodificar palavras;
  • Vocabulário reduzido.

Na escrita:

  • Erros de soletração e ortografia, mesmo nas palavras mais frequentes;
  • Omissões, substituições e inversões de letras e/ou sílabas;
  • Dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para idade e escolaridade.

Tratamento

A dislexia não é uma doença, portanto não há cura. Por isso a importância da avaliação precoce e da rápida intervenção com um profissional especializado, para o disléxico aprender a lidar e muitas vezes superar suas dificuldades. Maria Ângela enfatiza que, os disléxicos são inteligente, o papel dos pais é o de proporcionar uma escola que o acolha e também buscar uma intervenção com profissional adequado, pois a escola sozinha não conseguirá ajudá-lo.

Avaliação do quadro

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A especialista explica que a avaliação do problema necessita ser multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudióloga, psicopedagoga, psicóloga, neuropediatra e psiquiatra. Associado à dislexia, muitas crianças e jovens também podem apresentar déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade, agressividade, depressão, transtorno de ansiedade, bipolaridade e enurese.

Processo de alfabetização