A gestação é um período de grandes transformações na vida da mulher. As náuseas e o mal-estar aparecem, o apetite cresce, os seios se tornam mais sensíveis. Mas a mudança mais visível, sem dúvida, é o crescimento da barriga. Sustentar o pequeno por nove meses não é fácil. O “barrigão” exige um esforço extra da coluna cervical, sobretudo nos últimos três meses de gravidez, o que acaba gerando dor e incômodo em até 80% das gestantes.
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Mas algumas regras de postura na hora de sentar, andar, dormir e pegar peso podem aliviar os sintomas e devolver a paz e a tranquilidade que a mulher merece durante este momento único.
“Os ossos da pelve sofrem uma ligeira rotação durante a gestação por causa do aumento do abdômen e o centro de gravidade do corpo sofre um desvio natural, que aumenta a lordose lombar da coluna. Como muitas vezes essa gestante leva uma vida sedentária, esse comportamento acaba por contribuir para que ocorram encurtamentos musculares e dor”, revela Ediméia Cavalheiro da Silva, fisioterapeuta especialista em obstetrícia do espaço S.O.S. Mãe Bebê.
Período de transformações
Além de mudar o centro de gravidade do corpo, a gravidez causa transformações nos ligamentos e articulações. “Por influência dos hormônios gestacionais, as articulações ficam mais frouxas e os ligamentos, elásticos. Essa mudança é comum e necessária, pois ela facilita a passagem do recém-nascido pelo canal do parto”, explica Marcelo Wajchenberg, médico assistente do Grupo de Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNIFESP/EPM.
Essas mudanças, ainda que necessárias, em associação ao aumento de peso, contribuem para o aparecimento de dores de coluna, quadris, joelhos e tornozelos. E não pára por aí. Até mesmo a estabilidade da gestante passa a ficar comprometida. “O grande problema é que o hormônio relaxina, responsável por amolecer ligamentos, não é liberado somente sobre o quadril e sim no corpo como um todo, aumentando muito o risco da gestante ter quedas e entorses de tornozelo”, alerta Ediméia.
A dor de coluna durante a gravidez também pode estar associada a uma postura errada do corpo. “São muito comuns os casos de gestantes que, para compensarem o peso do abdômen, acabam jogando o corpo para trás. Essa postura encurta os músculos da região lombar, resultando em dor e no que chamamos de hiperlordose”. Com o passar do tempo, ela pode levar ao desgaste das articulações da coluna, gerando problemas mais sérios, como as hérnias de disco.
A gestante não pode descuidar dos móveis que anda usando para sentar e dormir. “A falta de cuidado com a ergonomia dos móveis pode aumentar a chance de causar dor nas costas, tanto em gestantes, como na população em geral”, acrescenta Marcelo. A boa notícia é que, segundo ele, “a hiperlordose lombar costuma aparecer de forma transitória, retornando ao normal no pós-parto”.
“Quando for necessário passar muitas horas sentada, a gestante não deve cruzar as pernas e deve optar por cadeiras com encostos confortáveis e que permitam um ângulo de 90º graus entre os joelhos o assento”, recomenda Ediméia. “E os pés devem estar totalmente apoiados no chão”, frisa Marcelo. A cada hora, faça uma pausa de cinco minutos para caminhar e se alongar.