O cuidado com a saúde do bebê pode e deve começar antes da gestação. O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que faz parte do metabolismo celular e é muito importante para a formação do sistema nervoso dos fetos, no que diz respeito ao fechamento correto do tubo neural. A falta dessa substância pode acarretar vários problemas de formação, que levam a diferentes graus de dificuldades para a vida que vem por aí.
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Esse é o motivo pelo qual os médicos se preocupam com a complementação desse nutriente. O Dr. Renato Sá, da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, afirma que “essa é uma prevenção simples que pode evitar conseqüências muito sérias”.
Tubo neural
O tubo neural é a estrutura que vai formar o sistema nervoso. Ele começa a aparecer poucos dias depois do embrião se fixar no útero e por isso é importante que a complementação seja feita no primeiro momento da gestação. Acontece que é impossível saber esse momento. As gestações, geralmente, são descobertas depois desse período.
Por esse motivo, a medicação é recomendada para mulheres que estão querendo engravidar ou mesmo para aquelas em idade fértil que não usam métodos contraceptivos. Uma especificidade dessa vitamina é que ela é importante, sobretudo, no início da gravidez enquanto os outros complementos nutricionais são indicados a partir do terceiro mês de gestação.
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Combate à anemia
De acordo com a nutróloga Elizabeth Ayoub, a vitamina, conhecida como folato ou B9, é eficiente no combate à anemia e às doenças cardiovasculares; necessária para a produção de glóbulos vermelhos do sangue; fundamental para a duplicação normal das células e para todas as funções que exijam divisão celular. Por causa da grande importância para a saúde, a exemplo do que acontece em vários países, desde 2004 o Ministério da Saúde e a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga que as farinhas de milho e trigo vendidas diretamente ao consumidor ou utilizadas como matéria-prima nas indústrias sejam enriquecidas com ferro e ácido fólico. A resolução foi tomada como tentativa de diminuir os altos índices de anemia e de doenças causadas pela deficiência de ácido fólico na população brasileira.
Elizabeth Ayoub alerta que a falta de ácido fólico pode ser indicada pela presença de um tipo de anemia, a megaloblástica, em que os glóbulos vermelhos imaturos têm um tamanho maior que o normal. “Baixo peso, falta de apetite, debilidade, palidez, fadiga, náuseas, diarréias, mau humor, depressão, inflamação e rachaduras linguais (glossite), úlceras bucais, taquicardia, atraso no crescimento e cabelos brancos também podem ser sintomas da falta de ácido fólico”, comenta a nutróloga.
Saúde do bebê em formação
Segundo o ginecologista Dr. Renato Sá, as doenças que podem aparecer no feto pela falta de ácido fólico são a mielomeningocele, a espinha bífita e a anencefalia. As seqüelas em cada uma das doenças é bastante variável, elas se apresentam em diferentes graus. “A anencefalia é caracterizada pela não formação do cérebro. Nesses casos, a fatalidade é certa. A mielomeningocele é uma espécie de bolsa que se forma na coluna para onde vai escorrer o líquido do sistema nervoso. Há várias complicações possíveis, entre eles, retardo mental e deficiência motora, paraplegia, incontinência urinária e fecal. Tudo depende de onde acontecerá o problema de enervação”, explica Dr. Renato. A espinha bífita seria o problema com menos implicações: é possível viver com ela mesmo sem saber.