Ao contrário do que muita gente pensa, a estomatite não tem nada a ver com o estômago. O problema é uma inflamação na boca que acontece principalmente em crianças.
O pediatra Carlo Crivellaro, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Highway to Health International Healthcare Community, explica que pode ser uma uma simples afta ou várias lesões espalhadas por toda a boca. “Pode acometer a parte interna das bochechas, a gengiva, a língua, o palato ou os lábios. A mucosa fica avermelhada e aparecem pequenas erupções arredondadas, com 1 a 5 milímetro de diâmetro”, diz.
Causas da estomatite
As causas são diversas. A estomatite pode surgir devido a infecções virais, mordidas, aparelhos ortodônticos, queimadura por alimentos quentes, estresse, deficiências nutricionais, doenças autoimunes, medicações (quimioterapia ou alguns antibióticos), radioterapia, entre outras.
O pediatra explica ainda que o problema pode atingir qualquer pessoa, mas algumas possuem mais predisposição, que pode ser genética ou causada por baixa imunidade, algumas doenças crônicas, sensibilidade a determinados alimentos.
No caso das infecções virais, é preciso ter ainda mais cuidado, pois a estomatite é contagiosa. Nas demais causas, não. “A estomatite viral pode aparecer em qualquer idade, mas é mais comum entre 6 meses e 5 anos”, afirma.
Além disso, é mais comum no outono e no inverno, quando há mais pessoas com infecções virais, aglomeradas e em locais fechados.
Principais sintomas
De acordo com o médico, os sintomas principais são aqueles que mais preocupam as mães: a criança pode ter febre, dor, parar de comer, ficar irritada, babando muito e parecer ter dor para engolir. Também pode ter mau hálito. “A criança com dor para engolir e pequenas feridas parecendo aftas, dentro da boca e/ou nos lábios, provavelmente está com estomatite. Em geral não são necessários exames, a não ser em casos recorrentes. E em casos extremos de não ingerirem nem líquidos, pode levar à desidratação, caracterizada por deixar as crianças prostradas, com boca seca, choro sem lágrimas e sem urinar por 6 a 8 horas”, explica.
Por isso, se houver dor muito intensa e febre alta que não cede, um médico deve ser procurado. Mas, no geral, basta medicar a criança com analgésicos e antitérmicos comuns, que já tenham sido prescritos pelo pediatra.
Como tratar
Como a maioria das doenças virais, não existe um tratamento específico. “O tratamento é sintomático, medicando para a dor e a febre. É importante hidratar bem, insistindo com líquidos, mesmo que não aceite dieta sólida. E manter a higiene da cavidade oral, mesmo que reclame de dor. Caso não seja possível escovar os dentes, deve ser feita uma limpeza da cavidade oral com uma gaze úmida”, diz.
Nesse período é importante testar alimentos que a criança aceite melhor. “Em geral, preferem alimentos na temperatura ambiente, nem muito quentes, nem muito frios. Podem ser tentados alimentos mais pastosos, para facilitar a deglutição. Evitar alimentos cítricos e com muito sal e oferecer líquidos com frequência. Se estiver aceitando leite é ótimo”, afirma.
Formas de prevenção
Mesmo depois de curado, a estomatite pode se repetir. “A estomatite não dá imunidade permanente, até porque pode ser causada por diversos vírus diferentes. Pode, portanto, ter estomatite de novo. Mas, quem já teve uma vez não tem mais chance do que outras pessoas de ter novamente, a não ser naquelas onde a causa não é uma infecção viral”, explica.
Para prevenir a estomatite algumas medidas simples podem ajudar, como limpeza das mãos, tanto a lavagem como passar álcool gel com frequência; ter cuidado para que os bebês não coloquem tudo na boca; e evitar contato próximo com pessoas com lesões ativas de herpes labial.
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