Marina Lopes
Do Bolsa de Bebê
Em algumas fases da vida, é comum que as crianças apresentem certa resistência em ir à escola. Fazem manha antes de sair de casa, choram na porta, mas se esquecem dos pais quando já estão enturmadas com os coleguinhas e professores. Mas, e se essa aversão for uma doença e não simplesmente birra?
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Caracterizada por uma ansiedade generalizada que se manifesta na impossibilidade de permanecer na escola, a fobia escolar é um distúrbio comportamental que atinge crianças nos primeiros anos de vida e pode se estender até a adolescência.
Sintomas
De acordo com Elizabeth Polity, psicopedagoga e diretora do Colégio Winnicott, especializado em atender crianças com dificuldade de aprendizagem, a doença tem diversos sintomas que podem aparecer juntos ou isolados. Entre os mais frequentes estão: ansiedade, angústia, falta de concentração, medo, suor, tremores, choro frequente, irritabilidade. “Esses sintomas podem se manifestar tanto no ambiente escolar, como também em casa, com a perspectiva da criança ou jovem ter que ir para a Escola”, explica.
Sintomas psicossomáticos como dor de cabeça, diarreia, vômitos e alergias cutâneas podem surgir associados. “A criança demonstra sofrimento psíquico real, dificultando sua permanência no ambiente escolar”, diz a especialista.
Fobia ou birra?
Diante dessa situação, muitos pais podem se perguntar: será que o meu filho sofre de uma doença ou está apenas fazendo birra para não ir à escola?
“Atenção ao filho e conhecimento de seu comportamento ajudam bastante a diferenciar uma birra de uma manifestação de sofrimento real. Claro que a dúvida é possível. Vale, neste caso, o bom senso e conversas atenciosas com a criança para se diferenciar uma situação de outra”, esclarece a psicopedagoga.
Causas e tratamento
A fobia escolar costuma ter como base um estado de ansiedade incontrolável. “A criança pode ter receio de deixar a mãe ou a casa por ter fantasias de abandono ou destruição. Situações de estresse pós-traumático, como o divórcio dos pais, perdas de entes queridos e bullying, também aparecem entre as causas”, explica a especialista.
Para superar a situação, é preciso que os pais sejam pacientes, afetuosos e firmes, fazendo que os o filho cumpra os combinados. “Terapia e medicações, em alguns casos, são necessários. A parceria com a escola é fundamental para fazer um exercício diário de dessensibilização dentro dos limites toleráveis para a criança”, diz.
Elizabeth afirma que as conversas e combinados não forem suficientes, é preciso procurar ajuda profissional, de preferência um terapeuta familiar, que vai abordar a questão no contexto relacional do problema.
A readaptação desse aluno deve ser feita de forma lenta e gradativa, respeitando seu ritmo e compreendo suas necessidades. “Inicialmente o trabalho é voltado para a formação do vínculo afetivo entre professor e aluno. Aos poucos é possível mostrar à criança que ela tem habilidades e que os erros fazem parte do seu desenvolvimento”, finaliza.