Largar emprego e abrir negócio para ficar mais com seu bebê: 4 casos que deram certo

Para muitas mulheres, voltar ao trabalho formal depois da licença maternidade é um grande desafio. Deixar o bebê em casa e não acompanhar seu desenvolvimento ou se adaptar a nova rotina de mãe e profissional estão entre os principais desafios. Para resolver essas questões, muitas delas descobrem talentos e habilidades e se tornam empreendedoras, como é o caso de Luciana Neves e de Maíra Pinheiro, que hoje são donas do próprio negócio, e de Amanda Rocha e Lúcia Stradiotti, que, com as mesmas pretensões, abriram uma empresa para auxiliar outras mães que também querem se tornar empreendedoras.

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Dos caminhões para os carros: Luciana Neves

Luciana tinha um emprego muito diferente daqueles que são socialmente destinados às mulheres. Controladora de frota de uma grande empresa, ela fazia o acompanhamento de todas os veículos e, como conta, por muitas vezes precisou escoltar caminhões ou partir em busca de cargas roubadas. Foi em uma dessas situações, e após descobrir sua primeira gravidez, que ela decidiu mudar completamente de área. “Eu cheguei ao extremo de ter que colocar colete à prova de balas. Nesse dia eu cheguei a conclusão de que era hora de parar”, conta.

Determinada, investiu inicialmente em roupas de bebê importadas para serem vendidas na internet. Mas, foi analisando a atividade do seu marido que se encontrou. “Ele é engenheiro, mas começou também a ser motorista particular nas horas vagas para complementar a renda e eu vi que o retorno era ótimo e o horário flexível permitia que eu adequasse a minha rotina”, explica.

Atualmente, Luciana passou por duas gestações, conseguiu ajustar a rotina com os filhos e trabalha de forma autônoma para um aplicativo de motoristas particulares. “O retorno é bacana e eu consigo ficar com meus filhos de manhã e trabalhar à tarde e à noite, momento em que eles ficam só com meu marido e o vínculo pode ser estreitado”, acrescenta.

Do estágio para as consultorias: Maíra Pinheiro

Maíra também é mais uma mulher que abandonou o mercado formal para investir em suas habilidades e ter uma rotina flexível. “Eu era estagiária quando engravidei. Então, quando a Betania nasceu, eu fiquei um tempo sem ter renda. Para voltar ao trabalho, ia ter que colocá-la em uma creche e ganhar pouco”, conta.

Estudante de direito e já sem perspectiva em ser feliz na sua área de atuação, Maíra achou seu negócio a partir de uma necessidade pessoal. Desde o nascimento, ela usa o sling, um tipo de carregador de pano, para carregar a filha, e foi após incentivo de uma amiga que surgiu a ideia. “Uma amiga um dia me perguntou porque eu não fazia slings para vender. Na hora achei que não era possível. Mas, um dia fui comprar panos para fazer os meus carregadores e decidi comprar alguns a mais. Fiz cinco e vendi todos. Depois fiz nove e vendi todos. Assim comecei a vender e dar consultorias de babywearing [forma de carregar o bebê preso ao corpo]”, explica.

Mas, a produtora e consultora da Mãe Que Vai Slings conta que não é tarefa fácil. Além da incerteza da remuneração, que varia de acordo com as vendas, a organização do tempo e a compreensão de questões burocráticas requerem esforços. “Eu era uma pessoa desorganizada, então os trabalhos convencionais são mais estruturados em horários e isso facilitava minha vida de alguma forma”, diz.

Após o período de adaptação, Maíra reconhece que, atualmente, não se vê fazendo outra coisa. “Hoje ela pode me acompanhar nas consultorias domiciliares, a gente fica junto bastante tempo e, por isso, temos uma relação bastante sincronizada. Eu sei que isso tem prazo de validade, que uma hora ela vai para a escola, mas por enquanto estamos juntas”, fala.

A mãe, no entanto, comenta que falta formação para mulheres que querem traçar este caminho. “É preciso existir formação para mães que querem começar seu próprio empreendimento. Temos que aprender toda a parte de contabilidade e emissão de nota fiscal e sobre vendas digitais, por exemplo”, diz. Uma das aspirações da consultora é que sejam criadas políticas públicas de autonomia financeira para que as mulheres possam se emancipar.

Consultoria de empreendedorismo

O negócio de Amanda e Lúcia Stradiotti surgiu exatamente da necessidade do auxílio e consultoria nesta área. As sócias, que também são mães e fazem jornadas flexíveis, gerem uma empresa de consultoria e coach para mães que querem ser empreendedores ou para aquelas que já possuem um negócio, mas não conseguem alavancá-los. Os serviços da Mom’SA são variados e custam e, média, entre R$ 1 mil e R$  1.500.

Com o intuito de fortalecer as clientes, a dupla traça um perfil de negócio e indica quais decisões devem ser tomadas. Paralelamente a isso, aliam a rotina flexível ao acompanhamento do desenvolvimento dos filhos. “Poder acompanhar o desenvolvimento da minha filha da forma como sempre sonhei não tem preço”, conta Amanda.

“O que mais percebemos é que as mulheres passam por um processo de autoconhecimento quando decidem empreender. Elas resgatam valores e conseguem identificar suas prioridades. Depois desse momento, a gente analisa a demanda do mercado para aliar a paixão ao negócio”, finaliza Lúcia.