Mães relatam traumas no parto: ofensas a gordas, imposição da cesárea e mais

Histórias de traumas na gravidezou no parto, como abusos ou violências por parte dos profissionais, são mais comuns do que se imagina. E para conscientizar as mulheres sobre essas situações, a fotógrafa e doula Lindsay Askins em parceria com Cristen Pascucci, que trabalha em organizações voltadas para o tema (Improving Birth e Birth Monopoly), criaram um projeto intitulado “Explosing The Silence”, em português “Expondo o silêncio”. São fotos e textos com o objetivo de fortalecer mulheres que viveram algum trauma ligado ao parto e dar a elas a possibilidade de se abrirem e contarem suas experiências, já que a maioria se sente silenciada.

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Em entrevista ao The Huffington Post elas disseram que as frases ‘pelo menos você tem um bebê saudável’, ou ‘pare de reclamar’ são as mais ouvidas pelas mulheres, que acabam duvidando dos próprios sentimentos e se isolando, deprimidas e com uma confusão interna que pode ser avassaladora para as famílias.

Relatos de partos traumáticos

Em um dos depoimentos, uma mulher de nome Angela diz que não foi tratada com respeito pelos profissionais médicos e que suas decisões sobre a própria saúde foram ignorados. “Para uma mãe saudável, com uma gravidez saudável, o parto natural deveria ser incentivado, não ridicularizado e desincentivado”, disse.

Para Kimberly, é possível ser grata e apreciar o fato de ter um bebê saudável e, ainda assim, ficar completamente traumatizada pela experiência do parto. “São duas coisas completamente diferentes”, afirmou.

Outra mulher, Bri, conta que não sabia do que se tratava um parto ou que, como mulher, podia estar no controle de si mesma. “Me senti sozinha naquele hospital. Me senti fraca. Me senti fracassada. Ainda me sinto assim, até mesmo agora, quase dois anos depois, acho que estou em falta com minha filha. Queria dar à luz em casa, onde ela pudesse me ver imediatamente e se sentir segura. O hospital parecia seguro, mas eu estava errada”, relatou.

Já Megan disse que, quando se está num estado de grande vulnerabilidade sem controle nem forças, a pessoa pode ficar bem ou não. “Queria que eles entendessem como cada palavra e cada ação ou inação fazem diferença. É o corpo, o bebê, a vida de uma pessoa. Tudo tem de ser importante. Vocês deixaram uma cicatriz na minha família para sempre”, desabafou.

Jen relatou como muitas mulheres plus size foram e são maltratadas durante o parto, empurradas para a tomada de decisões que não são baseadas em evidências científicas. “Dizem que nossas vaginas são muito gordas para o nascimento de nossos bebês. A vergonha não é uma ferramenta eficaz. Não vamos tolerar esse assédio moral por mais tempo”, disse.

Para Marianne, a experiência foi ainda mais complicada. “Acordar na UTI, respirando por aparelhos, menos de 12 horas depois de dar à luz minha filha, não era o que eu esperava. Sempre falam dos riscos de um parto normal depois de uma cesárea, mas acho que não entendi inteiramente os riscos de uma nova cesárea. Não tem sido fácil lidar com o trauma de uma enorme hemorragia pós-parto e uma histerectomia de emergência que salvou minha vida. Compartilho minha história para que as mulheres saibam que não estão sozinhas e não têm de viver em isolamento. Sou grata à equipe médica que cuidou de mim e quero que os profissionais da área saibam que uma grama de compaixão faz muito mais diferença do que imaginam”, afirmou.

Veja na galeria algumas fotos e mais relatos:

Andrea foi abusada sexualmente no passado e teve seu trauma desencadeado durante o trabalho de parto.

Heather quase foi amarrada, vomitou e o anestesista fingiu não ver quando ela pediu para que limpasse sua boca.

Jen ouviu que sua vagina era muito gorda para o nascimento de seu bebê.

Kathryn teve gêmeos prematuros com apenas 27 semanas de gravidez e um deles faleceu.

Kimberly diz ter ficado completamente traumatizada pelo parto, mas, ainda assim, é grata pelo filho saudável.

Lindsay estava em trabalho de parto, com 10 centímetros de dilatação, quando uma médica ordenou uma cesárea sem explicações.

Nicole queria ter seu filho por parto normal, mas não aconteceu.

Richelle passou por procedimentos, como anestesia peridural e episiotomia, sem ter consentido.

Sara teve depressão pós-parto e sentia raiva da filha.

Sarah sentia os cortes do bisturi e disse isso à equipe médica, mas eles não acreditaram nela.