Parto sem dor > Para não doer mesmo

Por fim, existem os métodos medicinais, que envolvem o uso de medicação para aliviar a dor, como antiespasmódicos e, nos casos em que a dor torna-se mais intensa, a analgesia. Vale frisar que analgesia é diferente de anestesia, que ocorre na cesariana.

“A analgesia não busca a completa remissão da dor, mas sim o alívio para níveis suportáveis pela paciente. É, portanto, bastante individualizada, pois cada pessoa tem um limiar diferente de dor. Para isso, utiliza-se a técnica peridural com a colocação de um catéter (um tubo fino de material plástico), pelo qual injeta-se, em doses contínuas ou eventuais, o medicamento analgésico em quantidade adequada a cada paciente”, esclarece Alexandre Pupo Nogueira, acrescentando que a analgesia pode ser requisitada pela paciente durante o trabalho de parto ou, em situações especiais, pelo médico.

Doses elevadas de anestésico podem levar à parada completa das contrações e, com isso, provocar a cesárea. Por este motivo, certifique-se de que seu médico tem um anestesista ou serviço de anestesia com experiência no assunto

Para o anestesiologista Cássio Régis, é perfeitamente viável fazer com que a grávida não sinta nenhuma dor com a analgesia, principalmente se aliada aos métodos humanizados. O procedimento mais avançado hoje é a analgesia combinada raquiperidural, em que há a aplicação de anestesia nas costas. “É o quadro de dor da mulher que determina quando será a aplicação, que pode ser feita a qualquer instante. O efeito analgésico dura de duas a três horas, mas pode haver novas aplicações se necessário. A paciente fica totalmente acordada e confortável, pode andar, conversar, e sente as contrações normalmente”, observa Cássio, que lamenta apenas que o método não seja disseminado no país e que não haja médicos suficientes para fazê-lo na rede pública de saúde. “Todas as mulheres deveriam ter a acesso a um parto tranqüilo”, opina.

É importante verificar com antecedência quem são aqueles que conduzirão o parto. O anestesista deve ser um profissional experiente. A medicação, quando bem administrada, reduz as dores sem prejudicar as contrações, necessárias para que o bebê nasça. “Doses elevadas de anestésico podem levar à parada completa das contrações e, com isso, provocar a cesárea. Por este motivo, certifique-se de que seu médico tem um anestesista ou serviço de anestesia com experiência no assunto”, ressalta o obstetra Alexandre Pupo Nogueira.

Melhor também no pós-parto

Com as técnicas descritas, é possível ter um parto normal com mínima dor e, eventualmente, até com ausência total de dor – havendo apenas a percepção pela paciente de que o útero está contraindo. “Qualquer mulher sem distúrbios de coagulação do sangue e sem doenças cardíacas importantes pode optar por esse método. Acho que todas as mulheres que não querem enfrentar o trabalho de parto ‘ao natural’ – ou seja, sem nenhum tipo de intervenção médica, salvo em casos de emergência – deveriam ter à disposição a opção do parto sem dor. Isto é humanizar o parto, trocar o sofrimento pela alegria de poder curtir todas as etapas do nascimento de seu filho”, defende Alexandre.

O pós-parto, segundo Alexandre, acaba sendo melhor depois disso tudo: “Muito menos estafante, com menor risco de rejeição da criança pela mãe e menor risco de depressão pós-parto. A amamentação ocorre mais rápido, pois a mente da mãe estará tranqüila”, conclui.

No parto natural, inclusive, não há a episiotomia, o corte do períneo que é comumente feito em hospitais para aumentar o espaço de saída do bebê. Sem esse procedimento, não há necessidade de pontos no local, eliminando a dor decorrente e possíveis incômodos futuros. Buscar este e outros tipos de informação, bem como um pré-natal adequado, é essencial para acabar com todo o receio e mitos que rondam a gravidez e o parto.

“Nunca sabemos exatamente como será nosso parto e isso nos deixa com medo. Mas com informação e preparação, é possível encarar com tranqüilidade. Cercar-se de pessoas queridas e de profissionais em quem confiamos é fundamental. Acreditar que somos capazes de parir também. A dor existe, faz parte, mas não significa necessariamente sofrimento. Um bom parto não é um parto sofrido. E sentir nosso filho nascendo é uma experiência única, um privilégio”, argumenta Andrea Prado.

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