Primeira infância

Vocês conhecem Pitágoras? Aquele do teorema, lembra? Faz tanto tempo não é mesmo? Vou refrescar sua memória: em todo e qualquer triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Lembrou?

Pois é, além de ser considerado um dos grandes matemáticos da Antiguidade, Pitágoras de Samos (580 a.C. – 497 a.C.) foi um filósofo grego. É dele uma frase que eu achei beeeemmm interessante pra gente começar: “Observa o teu culto à família e cumpre teus deveres para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes. Educa as crianças e não precisarás castigar os homens.” Legal, não é?

Desde a Antiguidade, alguém como Pitágoras, um matemático (da área de exatas) já tinha percebido que o caminho começa na família e através da educação das crianças. E se é para começar, não seria interessante que fosse pelo começo? Só para esclarecer um pouquinho, depois dessa enrolação inicial e de muita gente achar que não precisava falar desse teorema (chato), um conceito é importante: a primeira infância.

Cada criança tem seu ritmo, suas características individuais, mas que são dependentes de sua condição de vida, dos cuidados recebidos e de sua organização familiar

A gente fala tanto da primeira infância, com tanto conhecimento de causa que eu pergunto: O que é a primeira infância? Se tem uma primeira, será que tem segunda e terceira infâncias?

Primeira Infância

É a fase da vida que vai dos 0 aos 6 anos de idade. No censo de 2000 do IBGE, no Brasil havia cerca de 23 milhões de crianças nessa faixa de idade. Nesse período, talvez tão ou mais importante do que a grande evolução física e neurológica, seja o papel dessa época de vida no desenvolvimento mental, emocional, de aprendizagem e de socialização da criança.

Na “escala de evolução das espécies”, independente de como tenha sido a gestação ou o parto, o filho-do-homem parece ser sempre prematuro. Mesmo que tenha passado por uma gestação de 38 a 40 semanas, parece que ainda não era a hora certa para ele ter nascido.

O filho-do-homem não enxerga bem até perto do 3º mês de vida, precisa de ajuda para se locomover até o 7º mês (quando começa a “andar de quatro”, fato que os outros “animais irracionais” já conseguem pouco tempo após o parto), não sabe se sustentar sozinho em pé antes de um ano de vida (em média), não se comunica em sua linguagem verbal adequada antes dos 2 anos (em média), bem como não consegue se alimentar sozinho, com suas próprias “garras” antes de completar 3 anos.

No primeiro ano de vida, o lactente tem uma quase total dependência do mundo adulto que o cerca – alimentação apropriada (com aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida – não me canso de insistir), proteção (física e mental), cuidados com sua saúde (de novo alimentação, higiene, vacinação) e afeto.

Com o seu “desenvolvimento”, até os 6 anos de vida, o filho-do-homem (e da mulher) aprimora suas habilidades de movimentação, conhecimento, comunicação, ganha um pouco mais de independência e iniciativa (nem sempre bem compreendidas pelo pais), começam a ler e a escrever e seu ambiente social se amplia (escola, festinhas, cinemas, entre outros).

Mas o mais bonito nisso tudo é que cada criança tem seu ritmo, suas características individuais, mas que são dependentes de sua condição de vida, dos cuidados recebidos e de sua organização familiar.

É sobre essa fase, a primeira infância, que vamos conversar daqui para frente. Então até breve.