Muito importante e necessária, a cesárea é uma cirurgia alternativa para um parto normal que poderia colocar a mãe ou o bebê em risco. Mas será que existe uma quantidade máxima de cirurgias cesarianas que o corpo da mulher pode aguentar?
De acordo com a ginecologista, mastologista e obstetra Mariana Rosário, de São Paulo, não há um limite calculado, porém a partir do terceiro procedimento, a paciente está exposta a maiores riscos.
Riscos das cesáreas
Segundo Mariana explicou ao VIX, primeiramente, é importante ressaltar que o tempo de recuperação de uma cirurgia é de cerca de dois anos, até que todo o tecido cicatrize da forma que era antes do procedimento. Sendo assim, nenhuma operação do tipo deveria ser feita pela segunda vez em um período menor do que este.
Dito isso, a obstetra ressalta que são inúmeros os perigos que envolvem a repetição de cesáreas na mesma paciente, a começar pela possibilidade de aderências abdominais e lesões na bexiga, uma vez que ela vai subindo conforme as operações são feitas.
“Há também risco do músculo do abdômen não suportar o procedimento, dependendo do preparo e do estado nutricional da paciente. Isso pode acontecer em casos onde o músculo é muito fraco e acaba rompendo ao unirmos ele no centro”, explica Mariana.
A profissional apontou ainda a possibilidade de ruptura uterina. Trata-se de uma complicação grave, que acontece antes mesmo do parto: “Uma vez que o útero vai afinando entre uma cesárea e outra, ele pode acabar rompendo na região da cicatriz, levando o bebê a óbito”.
Por fim, Mariana explica que o risco de hemorragia se torna maior a cada nova cirurgia. Isso pode acontecer porque, em alguns casos onde há um número elevado de procedimentos, o útero não consegue mais contrair direito, oferecendo risco para a mãe.
“Nós precisamos conscientizar todas as mulheres de que o parto normal é o mais fisiológico: a recuperação é maior, a produção hormonal é melhor e ainda há a microbiota. Quando fazemos uma cesárea, o bebê não passa através da microbiota vaginal, portanto não é colonizado e torna-se mais difícil ele desenvolver a própria microbiota”, ela salienta.
“A cesárea é uma cirurgia e precisa ter indicação. Ela não pode ser feita ‘a torto e direito’, mas, sim, quando realmente vemos que é necessária. Precisamos dessa conscientização cada vez mais”, finaliza.