A síndrome de ovários policísticos não possui causas estabelecidas. Mesmo assim, acredita-se que a obesidade pode ser uma delas. O motivo é que o excesso de peso está envolvido com problemas de ovulação, derivados da produção de mais androgênio – hormônio masculino – do que o necessário. Isso porque, uma vez em demasia, as células de gordura agem no processo de transformação de estrogênio em androgênio, modificando o balanço hormonal. Lógico que nem toda a mulher obesa vai ter a síndrome de ovários policísticos, como nem toda a portadora do distúrbio ficará obesa. A menos que os sintomas sejam identificados, a possibilidade pode ser descartada.
Outros possíveis fatores são problemas na próprias glândulas do sistema nervoso central, como hipófise e hipotálamo, responsáveis pela produção de estrogênio e progesterona, e tumores ligados à produção de androgênio. “A dosagem hormonal é toda intrincada para gerar um equilíbrio. Quando se tem um problema na produção ou no mecanismo de regulação, o corpo vai sentir”, diz Mariana Maldonado.
De fato, para uma mulher que quer engravidar, o distúrbio é uma grande ameaça à fertilidade. E não pára por aí: uma conseqüência da síndrome de ovários policísticos associada à obesidade é o aumento da resistência à glicose (lê-se hiperinsulinemia). Isso porque as mulheres portadoras da hiperinsulinemia acumulam muita quantidade de insulina no sangue, e podem desenvolver a diabete tipo II.
“As células de glicose têm receptores específicos, que as retiram do sangue e colocam no corpo. Algumas mulheres com maior problema de obesidade apresentam defeitos que impedem essa entrada e o organismo. Assim, a pessoa não consegue acumular glicose e o pâncreas continua a produzir insulina”, descreve Mariana Maldonado, acrescentado ainda que os casos mais extremos estão arriscados a contrair doenças cardiovasculares e hipertensão.
Se você achava que os hormônios só davam dor de cabeça – literalmente –, em determinada época do mês, pode constatar que uma alteração no equilíbrio exerce impacto sobre o nosso corpo. Felizmente, a síndrome é tratável com um controle hormonal. Aos primeiros sinais de suspeita, o melhor a fazer, antes de qualquer medida, é procurar um especialista para ter certeza de que não se trata de outra doença.
A partir da confirmação, o alvo, segundo Mariana Maldonado, varia de acordo com o problema de cada uma. “Se a mulher quiser associar a anticoncepção ao tratamento, pode tomar pílula. Por outro lado, se a questão maior é a infertilidade e ela deseja engravidar, o tratamento vai ter que ser direcionado para a ovulação. Em mulheres obesas, o emagrecimento consiste na medida mais indicada”, esclarece ela. Então, detectado algum desses sinais, procure um ginecologista ou endócrinologista antes que o problema se agrave.