Férias, verão, calor… O que não falta é gente querendo pegar aquela cor dourada e aproveitar os dias ensolarados na praia ou na piscina, sem se preocupar com mais nada além das marquinhas de biquíni. Porém, no afã de deixar o corpo no tom bronzeado, muitas pessoas acabam exagerando e, com isso, as queimaduras solares são quase inevitáveis. É, mas os excessos e a falta de cuidado podem custar caro, muito caro, à sua pele. Não em jeito, se você quer curtir a estação numa boa, não dá para se descuidar debaixo dos raios UVA e UVB. Ou prefere ficar feito um pimentão, sem poder encostar em nada?
A estudante Mariana Cavalcanti, de 24 anos, passou o carnaval de 2006 na cidade litorânea de Búzios, no Rio de Janeiro. Empolgada, a morena aproveitou três dias de sol consecutivos na praia, pegando aquele bronze. No último dia, ficou de 10 às 17 horas torrando, literalmente, a pele. Só ao chegar à casa onde estava hospedada é que ela percebeu uma vermelhidão intensa no corpo. “Eu me tostei mesmo. Comecei a sentir uma ardência insuportável e, quando vi, já tinha passado da fase ‘carvão’. Meu rosto parecia um tomate em chamas. Cheguei a ficar com febre”, conta ela, que fez tudo o que os médicos desaconselham: se expôs ao sol no pior horário e não se preveniu de nenhuma forma. Em vez de usar filtro solar, Mariana se lambuzou de bronzeador. “Como não sou muito clara, pensei que agüentaria bem e que ficaria com uma cor bonita. Mas fiquei toda manchada. Isso sem falar das bolhas enormes que tive e dos vários dias que passei com dor, sem conseguir encostar em nada. Agora, sou neurótica com sol. Não esqueço mais o protetor de jeito nenhum!”, garante.
A descamação consequente à queimadura favorecerá o aparecimento de manchas, por isso a recuperação será lenta e a abstinência de novas exposições deverá durar até a recuperação completa da pele
O dermatologista Marcelo Molinaro, coordenador do núcleo de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD-RJ), alerta que, depois de queimada, resta somente cuidar dos sintomas, pois os danos causados à pele são irreversíveis. Ele recomenda produtos pós-sol, que hoje podem ser encontrados em vários estabelecimentos, e hidratantes, que dão frescor e evitam o ressecamento e a descamação. Já o presidente da SBD-RJ, Celso Sodré, enfatiza que, além da aplicação desses cosméticos, deve-se evitar mais exposição ao sol. “Para alívio das queimaduras, existem loções calmantes que diminuem a sensação dolorosa à base de calamina e outras substâncias e que fazem uma hidratação suave. A descamação consequente à queimadura favorecerá o aparecimento de manchas, por isso a recuperação será lenta e a abstinência de novas exposições deverá durar até a recuperação completa da pele”, destaca ele, que indica, ainda, o tratamento com a boa e velha pasta-d’água. Segundo Celso, produtos muito gordurosos ou agressivos, como os que contém álcool, por exemplo, devem ser evitados. E nada de tentar misturas mirabolantes – e perigosas – com elementos “naturais” em casa, ok? Além disso, beber muita água para manter a hidratação é outra atitude importantíssima para quem se expôs demais aos raios solares.
Tomando esses cuidados, não é só a sensação de desconforto que será evitada ou tratada, mas outros problemas mais sérios. Com apenas um dia de descuido, a queimadura solar pode chegar até o segundo grau, provocando bolhas, como foi o caso de Mariana. Quando isso acontece, a pessoa deve procurar logo um médico. “As bolhas, ao se romperem, podem desencadear infecções secundárias, e a pele talvez fique manchada temporariamente depois da fase aguda. Se muito extensa e intensa, a queimadura pode provocar alterações gerais como febre, mal-estar e desidratação, sendo necessário atendimento médico especializado. Tardiamente, favorecerá o surgimento de cânceres de pele e envelhecimento cutâneo”, menciona Celso Sodré. Como se vê, os perigos das queimaduras solares são variados, dependendo da intensidade. “Queimaduras mais graves, como as de segundo grau, se repetidas ao longo da vida, aumentam consideravelmente os riscos de um câncer. O sol também é um dos grandes fatores de envelhecimento, provocando o surgimento antecipado de rugas, vasos sanguíneos no rosto e manchas ou pintas na pele, além de desenvolver doenças de caráter alérgico”, reforça Marcelo Molinaro.