Não tem jeito: se quiser ter cabelos coloridos, você terá que se tornar sócia do salão de beleza. As madeixas precisam de cuidados especiais. Existem bons produtos que protegem os fios de ações químicas, os chamados “equalizadores de porosidade”. Aplicados generosamente, eles impedem a sobrecarga e a quebra nas áreas mais sensibilizadas. Massagens especiais também são indicadas. “Faça hidratações semanais com produtos à base de manteiga de karité e queratina”, sugere o hair-stylist Regis Vanccini.
Se você descoloriu o cabelo todo, vale investir em cauterizações mensais no salão. Não se esqueça de usar xampus específicos para os fios coloridos: eles contêm filtro solar, que ajudam a manter a tonalidade, e ativos vegetais, que criam uma espécie de película protetora dos pigmentos. Evite xampus anti-resíduos, pois com a limpeza profunda, a cor também sai. Ah, e fique longe dos banhos quentes! “O vapor d’água desbota a cor”, enfatiza o hair-stylist.
A coloração em si não detona os fios, até porque hoje os produtos usados têm silicone, ceramidas e vitaminas, que tratam o cabelo
Uma semana antes de tingir, faça uma hidratação profunda. Assim, os fios estarão mais preparados para absorver a cor. Já no dia, o melhor é não lavar os cabelos. “A oleosidade natural ajuda a proteger o couro cabeludo da água oxigenada, que causa ardência e coceira”, explica Regis. Para evitar surpresas, a velha e boa dica: faça o teste de cor numa mecha próxima à nuca – assim, se der errado, não vai causar grande estrago.
Só lave o cabelo dois dias depois de pintá-lo. Assim, dá tempo de a tinta se “fixar” nos fios. E lembre-se de que quanto mais você lavar o cabelo, mais rápido ele vai desbotar. Caso tenha feito permanente, alisamento ou amaciamento há pouco tempo, consulte o seu cabeleireiro para ter certeza de que a tinta não vai danificar demais suas madeixas.
Cabelo pós-verão: o resgate
No verão, é preciso ter cuidados redobrados com os cabelos. Os raios ultravioletas do sol conseguem penetrar até o interior do fio, onde estão os pigmentos naturais ou artificiais (de tintura), modificando a cor. O cloro da piscina é outro vilão da história, pois deixa os louros, naturais ou não, esverdeados. Para evitar que os raios UV estraguem os pigmentos, escolha produtos com filtro solar: xampu, condicionador e leave-in, que deverão ser usados constantemente durante a estação. Fórmulas com vitaminas e com ceramidas também ajudam, pois restauram a cutícula, dificultando a penetração da radiação. Se mesmo com esses cuidados a cor mudar, aplique um xampu tonalizante, que dá brilho e uniformiza a cor sem penetrar nos fios ou estragá-los, por não conter amônia. Outra idéia, para quem tem cabelo tingido, é passar um condicionador colorido que mantém o brilho e o tom entre uma tintura e outra.
Contra o desbotamento, o cabeleireiro Gilberto Moares, do Ophicina do Cabelo, no Rio de Janeiro, faz a aplicação de creme tonalizante preparado com henna, sem amônia ou corantes artificiais, o que evita o ressecamento. “Pode ser usado em cabelo natural ou tingido e funciona como uma maquiagem”, explica o especialista. Isto significa que o tratamento não substitui a tintura nem o retoque da raiz e não cobre os fios brancos, apenas devolve a cor.
Os temidos fios brancos
E por falar em fios brancos, a tintura permanente é a que oferece melhor cobertura e resultado de cor intensa e uniforme. Segundo Gilberto Moraes, que cuida desde 1970 do cabelo da atriz Vera Fischer, ao optar pelo tonalizante nesses casos, a pessoa corre o risco de ficar com a raiz um tom mais claro do que o comprimento. A henna, por sua vez, oferece pigmentos vegetais somente para brilho e leve fixação, não sendo capaz de cobrir os brancos. Ela dá uma luminosidade diferente a esses.
Os xampus colorantes também oferecem cobertura de 50% dos fios brancos. A utilização em intervalos curtos poderá oferecer uma sobrecarga de pigmentos, deixando os fios escuros e de difícil clareamento. Devem ser procurados fabricantes com referências e garantias e obedecidas todas as regras de aplicação, inclusive o tempo de pausa.
Para aquelas que têm mais de 80% de fios brancos, aí fica um pouco mais difícil cobri-los totalmente, devido à alta concentração ao fazer a mistura de base fundamental na cor escolhida. Então, sempre existirá o fantasma de manchar os cabelos. Mas, para isso, já existe no mercado algumas marcas que garantem 100% de cobertura dos brancos com fidelidade total da cor sem a necessidade de misturas.
Futuras mamães
Qualquer tratamento químico para cabelos pode deflagrar reações alérgicas nas futuras mamães e nas mulheres que estejam amamentando, mesmo nas que nunca tiveram esse problema antes. É preciso estar atenta à composição química da tintura para evitar pôr em risco a saúde do bebê. A maioria das drogas administradas à mãe por via enteral (estomacal) ou parenteral (veia) é excretada no leite, geralmente em quantidades mínimas, entre 1 e 2% da dose materna. Além disso, a sensibilidade aumenta neste período. Na gravidez, o corpo feminino se transforma ao sabor dos hormônios e até mesmo o batom, de uma hora para outra, pode causar uma reação esquisita. “A pele da mulher fica mais hidratada e, por essa razão, absorve com mais intensidade algumas substâncias, aumentando as chances de irritação”, justifica a clínica-geral Carolina Castro. Por isso, o couro cabeludo pode apresentar coceira e vermelhidão depois de uma sessão de pintura. As vias aéreas também não estão livres de ameaças: “A tintura, por ser volátil, pode ser inalada e deflagrar alergias respiratórias”, alerta a médica. Isso vale, por exemplo, para os produtos com amônia, iodo e peróxido de hidrogênio. “Se a mulher tiver sensibilidade a eles, pode realmente apresentar alguma reação”, conclui. As fórmulas definitivas que levam formol também provocam fortes reações. Quando o assunto é a saúde do feto, os médicos não entram em acordo. Para alguns especialistas, as modernas tinturas e tonalizantes não oferecem nenhum perigo à criança, já que aboliram os temidos metais pesados de sua composição.
Para não cair em cilada
– Em casa, nunca passe tinta em cima de tinta. Você corre o risco de estragar o cabelo e deixá-lo com a cor esquisita (verde, já pensou?). “Se der errado, o que é muito comum, o melhor é correr para o salão”, diz Regis Vanccini.
– Evite tintura em fios com química. Se você fez recentemente escova progressiva, permanente, alisamento ou relaxamento de ondas, o ideal é fugir da descoloração e do tingimento. “A coloração em si não detona os fios, até porque hoje os produtos usados têm silicone, ceramidas e vitaminas, que tratam o cabelo. Mas, nesses casos, os fios estão fragilizados e podem quebrar, manchar, ressecar… Não vale a pena arriscar”, avisa o cabeleireiro.
– Não pense que luzes ressecam menos que tinta. Muita gente opta por esse processo achando que vai agredir menos os fios. Puro engano. A técnica é mais intensa, pois envolve clareador (que atua em cabelos naturais) ou descolorante (que contém amônia), enquanto a tintura tem hidratantes na fórmula que protegem as madeixas.
– Nem tente clarear em casa. “Tinta não clareia tinta”, diz Regis. Quem tem fios escuros e tingidos precisa passar por uma decapagem (remoção da tintura anterior com pó descolorante e água oxigenada de alta volumagem), que só deve ser feita no salão. Até no caso de um louro tingido há riscos. Perto da raiz, onde os fios são mais saudáveis, o resultado é melhor; nas pontas, mais danificadas e com resíduos de tintura, pode manchar.
– Cabelo virgem só clareia até certo tom. Para um castanho-escuro natural ficar louro-claro, é preciso descolorir (clareamento de cabelo que nunca passou por processo químico, com pó descolorante e água oxigenada de baixa volumagem) antes da tintura. O cabelo claro que nunca recebeu tinta só abaixa alguns tons, mas não clareia de todo.
– Use uma foto de revista como referência. “Mas a modelo tem de ter um cabelo parecido com o seu. Não adianta mostrar a coloração em fios curtos se você tem cabelão”, avisa o hair stylist. É bom lembrar que se trata só de uma referência: o resultado depende de vários fatores, como o tom natural do seu cabelo.
