Para quem ouviu falar da nova pílula antibarriga e logo se animou em desfilar nas praias com cinturinha fina e barriga tábua no verão, sem nenhum esforço, muita calma! A solução para aquela barriguinha inconveniente continua sendo a velha dupla: boa alimentação e exercícios. O remédio que acaba de ter a venda aprovada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, realmente diminui medidas, mas, na verdade, tem indicações muito precisas.
O médico endocrinologista Amélio de Godoy Matos afirma que, definitivamente, o Acomplia, nome comercial do medicamento conhecido cientificamente como rimonabanto, fabricado pelo laboratório Sanofi-Aventis, não é uma pílula antibarriga. O remédio é indicado para pessoas obesas ou com sobrepeso, ou seja, com índice de massa corpórea acima de 27 e outros riscos associados. Ele age principalmente sobre a gordura intra-abdominal. Essa não é a gordurinha que pegamos com o dedo, mas aquela que se aloja entre os órgãos. Além disso, o rimonabanto melhora o colesterol bom – o HDL – e diminui triglicérides e as chances do paciente ter diabete tipo 2, que aumenta muito os riscos de problemas circulatórios e cardíacos.
É um remédio muito sério, que não deve ser associado à vaidade, mas ao tratamento de uma doença, a obesidade abdominal
A droga é uma novidade entre os fármacos: tem vantagens sobre outros medicamentos para emagrecimento porque previne doenças cardíacas. O rimonabanto inibe a função do sistema endocanabinóide, que gera fome e procura de comida em busca de recompensa, porque estamos tristes ou estressados. Além disso, quando esse sistema está ativo, é aumentada a formação de gordura e seu acúmulo no fígado, além de gerar resistência à insulina – por isso o bom resultado da medicação contra a diabetes.
“É um remédio muito sério, que não deve ser associado à vaidade, mas ao tratamento de uma doença, a obesidade abdominal”, ressaltou o endocrinologista. De acordo com Dr. Godoy, a droga pode ter efeitos colaterais, como modificações do humor, ansiedade e depressão. Por isso, deve ser, como toda medicação, prescrita pelo médico e acompanhado por dieta e exercícios: “Qualquer tratamento desse tipo deve vir junto com uma mudança de estilo de vida”, concluiu o endocrinologista.
Novo estilo de vida
Não é porque ainda não aconteceu um milagre antibarriga que a boa forma no verão está perdida. É claro que é preciso algum esforço. Mas anime-se! Uma alimentação equilibrada e exercícios físicos são ainda a chave-mestra para a boa forma. “O principal é não cometer exageros e fazer refeições balanceadas”, revela a nutricionista Anita Sachs, afirmando ainda que os carboidratos, em quantidade ideal, podem e devem ser incluídos até mesmo no jantar. O segredo é evitar frituras, carnes gordas e açúcar. Três ou quatro porções de frutas ao dia, dois pratos rasos de folhas e 12 colheres de legumes devem ser distribuídos pelas refeições. E quem costuma usar laxantes para diminuir o inchaço na barriga, a nutricionista alerta que esses remédios podem expulsar microorganismos fundamentais para o bom funcionamento do intestino. Para esse problema, Anita Sachs recomenda a inserção de fibras na alimentação
Outro a reforçar o coro pela combinação dieta e exercícios, para emagrecer e ser saudável é Marcello Barbosa, personal trainer da apresentadora Angélica, que tanto surpreende com ‘aquela’ barriguinha impecável. Mas levantar da cadeira e sair correndo por aí pode não ser a melhor alternativa. “A realização de uma avaliação física e médica é fundamental para traçar a melhor estratégia, e alcançar os objetivos com segurança e eficiência”, salienta Marcello Barbosa. Ele ensina que, de forma geral, deve-se começar aos poucos e ir aumentando gradativamente para que o corpo se adapte.
Para afinar a silhueta e perder barriga, o ideal é combinar exercícios cardiovasculares – aeróbios e anaeróbios -, que têm acentuado gasto calórico, com exercícios neuromusculares – musculação ou ginástica localizada -, que tonificam os músculos do abdome e melhoram a estética. Quanto maior o acúmulo de gordura, maior deverá ser o gasto energético do exercício.
Já a história de que exercícios abdominais não ajudam a diminuir barriga, Marcello explica que podem reduzir a circunferência abdominal sim, porque o fortalecimento muscular impede que os órgãos internos se desloquem para frente. No entanto, ele ressalta que não há evidência científica em relação à redução de gordura através dos exercícios localizados.