Frio, casaco e… peeling!

O frio não serve apenas para comer e tirar os casacos do armário. Esse clima também é bastante propício a outras atividades. Não, não é arrumar as gavetas ou visitar aquela tia idosa, é colocar os cuidados com a beleza em dia. Não que eles não devam estar nos trinques em qualquer época do ano, mas existem certos procedimentos que encontram no inverno – graças à menor incidência de raios solares – um grande aliado. Um bom exemplo disso são os peelings.

Já que a temporada de praia encerrou, chegou a hora de dar aquele trato na pele. Por conta disso, muita gente muda o roteiro e toma o rumo dos consultórios e das clínicas de estética para se submeter aos peelings químicos – aquele tratamento com ácidos que visa melhorar a aparência daquela que nos reveste. Envelhecimento precoce, cicatrizes de acne ou mesmo a própria, manchas, sardas, melasmas podem ser tratados ou minimizados por meio desse procedimento.

A dermatologista Lúcia Arruda, chefe do departamento de dermatologia da PUC de Campinas, em São Paulo, explica que para cada objetivo existe um tipo de ácido e uma concentração. “Existem peelings superficiais, médios e profundos, que exigem sedação do paciente. A indicação depende do que vai ser tratado”, diz a dermatologista, acrescentando que o tempo de tratamento e as sessões também vão ser de acordo com a necessidade de cada um. Geralmente, os muito superficiais são repetidos a cada semana; os superficiais, a cada duas a seis semanas; os médios, a cada três a seis meses e o profundo, apenas uma vez. A diretora científica da Sociedade de Medicina Estética, Joana D’Arc Diniz, revela que o estado de saúde geral do paciente também é importante para o médico optar pelo tratamento com peeling químico.

Para acertar na mosca, ou melhor, no peeling, já existe um método que permite uma análise, digamos, mais profunda da pele do paciente: é a fotografia ultravioleta. “Nesse tipo de fotografia, é possível visualizar com exatidão toda a extensão de lesões acumuladas nas várias camadas da pele”, diz o fotógrafo Rudney Pinheiro. Segundo Joana D’Arc Diniz, a técnica permite ao médico conhecer o que está invisível a olho nu e indicar o peeling de profundidade ideal.

Anamnese feita, dúvidas tiradas e instruções sobre o peeling realizado, começam os trabalhos de preparo da pele. “Substâncias de uso tópico como ácido retinóico, ácido glicólico, a combinação desses dois ácidos, mais agentes despigmentantes e fotoprotetores devem ser usadas diariamente pelo paciente”, informa Joana D’Arc. Esse protocolo de rejuvenescimento dura em média duas a três semanas antes da realização do peeling e é fundamental para que os resultados obtidos sejam os melhores possíveis. “Ele visa reduzir o tempo de cicatrização das lesões, por acelerar o processo de renovação da pele; diminuir os riscos de infecção; permitir a penetração mais uniforme do agente químico; diminuir os riscos de manchas escuras pós-inflamatórias; testar se o paciente apresenta algum tipo de alergia e conscientizá-lo da necessidade da manutenção do tratamento depois do procedimento realizado”, explica Joana D’Arc Diniz.

E se os cuidados no pré-peeling são fundamentais para o sucesso do tratamento, os dispensados ao pós, imprescindíveis – e variam de acordo com o procedimento escolhido. Normalmente, os cuidados principais são com a limpeza, que deve ser suave e delicada, com a hidratação e com a proteção. A dermatologista Lúcia Arruda alerta que o sol é o maior complicador para quem se submeteu a um peeling químico. “O sol mancha a pele, por isso os cuidados com a fotoproteção não podem ser esquecidos nunca. O filtro solar deve ser indicado pelo médico de acordo com a pele da pessoa e, dependendo do caso, podem ser químicos ou físicos”, diz Lúcia Arruda.

Maquiagem também é um item que deve ser deixado de lado, pelo menos, por um tempo. “A pele descama nessa fase, então qualquer produto usado sem orientação médica pode acabar irritando-a. A maquiagem, por exemplo, para ser retirada necessita de uma loção demaquilante. O próprio ato de passá-la com algodão pode ser agressivo à pele”, comenta Lúcia Arruda. Joana D’Arc Diniz alerta que, no pós-peeling, o paciente deve seguir rigorosamente as orientações do seu médico, pois existem preferências quanto aos métodos empregados para a recuperação da pele. “Alguns médicos prescrevem emolientes para a retirada cuidadosa das crostas, já outros preferem a pele completamente seca nesse período. Não existe receita de bolo, cada caso é um caso”, finaliza Joana D’Arc.