Inverno magro

Está aberta a temporada de fondues, queijos e vinhos, chocolate quente e mais todas as iguarias que o frio e os casacos nos permitem devorar. E quando o inverno, principal responsável por tudo isso, toma a rota do hemisfério norte, quase sempre o que fica são lembranças adiposas – que insistem em permanecer mais no corpo do que na memória. Pode parecer difícil escapar dessa armadilha anual, mas acreditem, meninas, é possível enfrentar a estação sem engordar. Para isso, basta misturar algumas pitadas de bom senso aos alimentos ingeridos.

Temos a devida dimensão de como esse tempinho friorento e chuvoso pega até a mais sarada das criaturas pela barriga. É quase impossível resistir aos apelos gastronômicos dessa época, com a indiscutível vantagem de que ninguém vai reparar no estrago – nem você. Afinal, o verão está longe e ainda há tempo hábil para contornar a situação. No entanto, a primavera acaba chegando e o que se vê é uma multidão enlouquecida com o saldo de inverno e, sem dúvida, o melhor é não ter que aderir a esse surto coletivo de emagrecimento. Para tanto, é preciso não engordar – o que para muitos soa como missão impossível na estação dos cobertores. Sabemos que frio gera preguiça e academias vazias. Mas não desanimar é a alma do negócio.

É a mais pura verdade: a fome aumenta no inverno. Quem faz essa confirmação é a nutricionista da Estética Onodera, de São Paulo, Cinthia Monteiro Sobral. “No inverno, para mantermos a temperatura do organismo estável por volta de 36,5º C, gastamos mais energia. Por causa disso, sentimos necessidade de ingerir mais calorias”, diz a nutricionista. Portanto, a culpa não é totalmente sua, existe aí uma necessidade fisiológica por trás dos ataques em massa, sopa, chocolate, pipoca…

Embora justificável, a fome não precisa ser aplacada sem critérios. Cinthia Monteiro Sobral afirma que a alimentação, de certa forma, deve seguir as mesmas orientações de qualquer estação. “Devemos comer um pouco de tudo, carboidratos, proteínas e gorduras, divididos ao longo do dia em refeições equilibradas. Essa é a melhor forma de se evitar a sobrecarga de calorias numa única refeição e ainda manter o metabolismo acelerado, fazendo com que a própria digestão queime calorias”, comenta Cinthia. Outra dica quente e nutritiva são as sopas. “Uma sopa feita com legumes variados, carnes magras e uma fonte de carboidrato, que pode ser arroz, macarrão ou batata, é bastante nutritiva, além de ser uma ótima pedida para as noites frias”, diz Cinthia.

Para a sobremesa, o morango. Além de ser uma fruta da época, é rico em vitamina C, potássio, fibras e ainda é pouco calórico: 10 morangos equivalem a 50 calorias. E para continuar sem peso na consciência e na balança, cai bem substituir o chantilly por um creme de leite light. Mas, com certeza, há quem torça o nariz para as frutas, acreditando que elas são a cara do verão. No entanto, existe a opção de comê-las quente. Experimente só: banana ou maçã, feitas no microondas ou mesmo no forno tradicional, com açúcar e canela. Outra frugal alternativa de sobremesa é a pêra, também quente, com mel.

O frio também nos leva a uma espécie de claustro, com direito a pipoca e vídeo. E a fiel escudeira dessas horas, se estourada com pouco óleo vegetal – ao invés de manteiga ou margarina –, preserva os carboidratos do milho e ainda ganha bem menos calorias. Outra dica: substitua as pitadas exageradas de sal por algumas de bom senso, pois o sal contribui para a retenção de líquidos no organismo.

A quantidade de líquidos também deve ser mantida em, pelo menos, dois litros por dia, apesar de a sede diminuir com o frio. Para ajudar nessa tarefa, os chás estão aí com direito às torradas, de preferência integrais acompanhadas de géleias naturais ou diet. No quesito delícias de inverno – aquelas coisas tipo queijos e vinhos, fondues e chocolate quente – Cinthia aconselha que fiquem reservadas para os finais de semana. Para finalizar a noite fria, muita gente não dispensa o conhaque. Mas vale a pena continuar no vinho porque a bebida, além de menos calórica, por não ser destilada, faz bem ao corpo, à alma e ao clima – sem abusos, claro. Magras, mas ainda filhas de Deus.