Apesar de afirmarmos que a beleza exige sacrifícios, ir ao salão representa, para a maioria de nós, um momento de prazer, relaxamento e até mesmo felicidade. Afinal, são algumas horinhas que damos de presente a nós mesmas. Só que, no reino mágico das escovas, chapinhas, esmaltes e alicates, também mora uma bruxa má (doida para acabar com nosso visual): a sujeira! Portanto, na hora de eleger um salão, devemos estar atentas a pequenos cuidados que fazem uma diferença enorme, especialmente para a nossa saúde.
Antes de mais nada, repare bem em todos os cantinhos do salão que você freqüenta. Não tenha vergonha de demonstrar que está mesmo de olho na rotina de higiene de cada funcionário. Comece pelas manicures, pois os apetrechos que utilizam para fazer as unhas, tanto das mãos quanto dos pés, são os maiores vilões na transmissão de doenças como micoses e até hepatite. A Dra. Ana Carolina Barreto, especialista em medicina estética, alerta para os cuidados que devem ser tomados. “O alicate é o instrumento mais perigoso. Se a manicure furar você, ou tirar um bife, só fique tranqüila se tudo foi esterilizado na autoclave, porque estufas não são confiáveis”, informa a médica. O aparelho em questão esteriliza instrumentos médicos e odontológicos e funciona em uma atmosfera de pressão, ou a vácuo, entre 121º e 132ºC.
Você agora deve estar aí pensando com seus botões que bife tirado com alicate esterilizado na autoclave é menos grave – fica somente a dor e a barberagem da moça. Ledo engano. A médica lembra que os recursos usados para estancar o sangramento também podem representar perigo. “Aquele bastão que elas usam é um anti-séptico. Mas, como todo o kit, deveria ser individual. Não adianta nada ela resolver o seu problema e usar depois o mesmo bastão numa outra cliente, pois a bactéria vai ficar lá”, revela a doutora, complementando: “O ideal é passar um cotonete com água oxigenada, que deve ser jogado fora, obviamente. Cada pessoa deve levar o seu material, já que até a lixa de unha acumula bactérias”, afirma Dra. Ana Carolina. Outro grande transmissor de bactérias e fungos (do tipo cândida), que provocam manchas brancas embaixo da unha, é o pauzinho de laranjeira. Dependendo da gravidade do fungo, a paciente precisa ficar sem fazer as unhas até que o problema seja sanado. Já pensou?
Ah… a sua manicure de fé pode ficar chateada? A dermatologista Clara Spielberg, então, frisa que VOCÊ é a cliente e se preocupa com a sua saúde. “Se a manicure torcer o nariz, não se incomode. Pergunte onde ela costuma afiar o alicate e leve-o no mesmo lugar, se possível, claro. Assim, dá para ela trabalhar com um material parecido com o que tem, mas sem abrir mão da higiene”, aconselha ela. Fique de olho também nas toalhas usadas por estas profissionais. Em salões sérios, a cada nova cliente, as peças são trocadas e geralmente saem de dentro de sacos plásticos que vêm das lavanderias. Isso é a garantia de que foram devidamente higienizadas.
Na hora de fazer escova ou mesmo pentear os cabelos, preste atenção à manutenção do objeto. Muitos cabeleireiros usam suas escovas por um longo tempo, sem fazer a limpeza adequada. O certo é lavá-la a cada nova cliente. Mas, dependendo da movimentação do salão, acaba não dando tempo. O profissional então deve possuir, pelo menos, mais uma escova para usar. “A escova fica úmida, criando fungos, que geram a chamada dermatite seborreica. Fora que causa caspa, coceiras e descamamento do couro cabeludo. O tratamento é longo e a paciente tem que abrir mão de seu shampoo habitual, para usar os que são indicados pelo médico, que, por serem remédios, não têm cheiro agradável e não deixam o cabelo aquela maravilha”, revela a Dra. Ana Carolina.
Alicates, lixas, escovas, pauzinho e… depilação. Pois é, ainda tem mais essa. No intuito de economizar material e faturar em cima das clientes, muitos salões agem de má-fé e reaproveitam a cera. O resultado? Riscos de se pegar doenças e fungos. “Quando fazemos depilação, especialmente com cera quente, abrimos os poros, que, na verdade, fazem micro machucados por causa de todo o processo. Poros abertos são um prato cheio para a instalação de bactérias e doenças infecciosas. A cliente deve observar também se os lençóis da cama onde ocorre a depilação é trocado”, lembra a Dra. Clara.
Todos esses cuidados podem parecer frescura. Só que, apesar de poucas pessoas saberem, a falta de higiene em salões de beleza, principalmente no setor de manicures, acarreta também doenças mais graves como a AIDS e a hepatite C – ultimamente bastante comum nos consultórios médicos. “De uns dois anos para cá, aumentou muito o número de pacientes, principalmente mulheres, que adquiriram a hepatite do tipo C por contaminação em salão. Infelizmente, isso ainda é pouco divulgado”, alerta a Dra.Clara. Agora, quando marcar sua próxima ida ao salão de beleza, lembre-se das dicas dos especialistas. Com o tempo, você vai perceber que a sua saúde merece também todos os tipos de cuidado. É apenas uma questão de hábito aprender a dar mais atenção a ela. Afinal, você merece esse mimo.