Pernas esferográficas

Todo mundo tem uma tia ou mesmo uma avó que padece de varizes – aquelas veias coloridas que deixam as pernas parecendo um mapa cartográfico. Ligou o nome à enfermidade? Pois é, esse terrível problema vascular, além de poluir a pele com seus riscos coloridos, dói e, muito, quando já está num estágio mais avançado. E quem transita nesse universo das vítimas das varizes conhece muito bem as reclamações, as marcas de meias elásticas e a altura das almofadas para as pernas. No entanto, mais do que um prejuízo estético e um abalo na auto-estima, essas veias são uma ameaça à saúde quando não são devidamente tratadas. Portanto, a melhor maneira de se orientar nesse atlas circulatório é conhecer suas causas e os meios de derrotá-las ou, pelo menos, torná-las menos incômodas.

As veias que se dilatam e ficam tortuosas são chamadas de varizes. Elas podem se apresentar de diversas formas, como minúsculas linhas avermelhadas, chamadas de telangiectasias, ou como varizes de médio calibre que possuem aparência azulada, e ainda as de grosso calibre, aqueles inconvenientes nódulos que saltam da pele. As mulheres, por culpa dos onipresentes hormônios e da gravidez, possuem maior tendência a apresentá-las. Mas elas não são uma exclusividade feminina, já que a estimativa é que 70% da população adulta ocidental possua algum tipo de variz, e o fator hereditário é também um dos principais responsáveis pelo aparecimento dessas desagradáveis veias dilatadas. Então, se você é mulher, já engravidou, tem algum parente próximo com varizes, e ainda por cima faz uso de anticoncepcional: todo cuidado é pouco, porque varizes mal cuidadas podem desencadear problemas graves, como trombose, embolia, e até hemorragia.

Fazendo jus a isso, a prevenção é a alma do negócio. “Para prevenir as varizes devemos primeiramente atentar para o tipo que possuímos e como estamos nos descuidando para torná-las cada vez maiores e mais numerosas. Se possuímos familiares diretos portadores de varizes, já é um indício para termos maiores cuidados preventivos, pois a hereditariedade conta muito na doença varicosa” alerta o angiologista Dr. Edson Amaro Neves, autor do livro “Manual das Varizes”. Ele ressalta que esses cuidados vão desde o simples repouso com as pernas levantadas até o controle do estresse, pois pessoas estressadas tedem a possuir muito mais varizes, devido à maior tensão provocada no vasos. O angiologista Dr. Alberto Coimbra Duque também aponta algumas medidas de prevenção: “A pessoa tem que procurar não variar muito de peso, não ser sedentária, evitar o fumo e não se expor demais ao calor, pois ele favorece a dilatação das veias. Alguns desses cuidados são básicos, você tem que ter com sua saúde e não só para as varizes”, acrescenta Dr. Alberto.

Mas se o mal já está instalado, não desanime, pois os tratamentos, apesar de ainda incômodos, apresentam resultados satisfatórios. “Podemos tratar das varizes sem os temores de antigamente. Os métodos atuais são muito mais eficazes e menos prejudiciais ao paciente, embora ainda um pouco dolorosos, de um modo geral”, afirma Dr. Edson Amaro, que cita como exemplo a esclereoterapia, que consiste na aplicação de injeções de medicamentos no interior das varizes. “As aplicações estimulam a esclerose, ou seja, o secamento no local injetado. Esse tratamento, indicado para portadores de microvarizes ou varizes de pequeno calibre, era muito temido devido ao risco da solução deixar manchas escuras na pele. Mas, hoje, as soluções esclerosantes são bem menos cáusticas”, esclarece Dr. Edson Amaro. A assessora de marketing Maria Célia Figueiredo se submeteu às aplicações e, apesar de seu grande número de varizes, conseguiu perceber o resultado. “Eu notei uma melhora nos locais em que tomei as injeções. E o desconforto é bem tolerado, nada que não dê para suportar”, conta ela.

No entanto, quem foge das agulhadas e possui apenas as telangiactasias pode recorrer simplesmente à radiofreqüência. O laser, cada vez mais utilizado na estética e na saúde, marca de novo sua presença. “Aplicações com laser são utilizadas em varizes de pequeno calibre e telangiectasias”, explica o Dr. Edson Amaro. Outra alternativa são as microcirurgias, realizadas com freqüência pelos angiologistas para as varizes de médio calibre, aquelas em que já não se deve aplicar esclerosantes ou laser, devido a um maior risco de hiperpigmentação. E além disso, a recuperação é rápida. “Dependendo dos vasos a serem retirados, a cirurgia pode ser feita até com anestesia local, a paciente pode ir para casa no mesmo dia e trabalhar normalmente”, explica Dr. Alberto Coimbra Duque. A professora Elizabeth Guimarães confirma essa recuperação quase que imediata da cirurgia. “Eu fiz a cirurgia de varizes há cinco anos, fiquei muito satisfeita com o resultado e com a recuperação. Eu operei num sábado e na segunda-feira já estava trabalhando”, diz ela. Para as cirurgias venosas de maior porte, como as safenectomias (retirada da veia safena), já é possível utilizar o método laparoscópico.

Entretanto, o exercício feito de maneira adequada pode ser um poderoso aliado para que a saúde e a estética caminhem juntas. E a musculação deve ser encarada com um sinal de alerta ligado. “O indivíduo interessado em fazer musculação se tiver história familiar de doenças vasculares ou possuir alguns vasos varicosos, deverá tomar um cuidado redobrado. Neste caso, recomenda-se uma avaliação médica vascular complementar com um angiologista, que indicará a melhor prática física de acordo com suas reais condições de saúde. Somente a partir deste diagnóstico e prescrição, estará assegurado que os exercícios com sobrecarga sejam executados sem que provoquem o surgimento ou o agravamento das varizes”, esclarece Dr. Edson Amaro. Portanto, cuidar das varizes representa uma atenção com sua saúde. A beleza é uma conseqüência…

Agradecimentos:

Dr. Edson Amaro Neves  – angiologista

Clínica de Varizes

Tel: (21) 3394 3363

www.varizes.com

Dr. Alberto Coimbra Duque – angiologista

Tel: (21) 2527 4800 e 2262 4149