Sensível por natureza

Uma pele sensível não se emociona ao ouvir uma ópera ou se abala ao assistir um lindo pôr-do-sol. Aliás, esse tipo de pele, mesmo parecendo coisa de mocinha ingênua, pode estar aí envolvendo qualquer pessoa – até mesmo um grande vilão e, nesse caso, um cosmético qualquer pode ser a arma perfeita para destruí-lo. Isso porque a expressão ‘pele sensível’ é usada para designar uma reação exagerada da pele a certos produtos, o que ocasiona bastante desconforto.

Nem triste, nem melancólica. Hiper-reativa, assim é a pele sensível. Ou seja, ela sempre reage de uma forma exagerada a certos cosméticos e medicamentos, que, no fundo, só queriam ajudá-la – até mesmo uma simples lavagem usando apenas água e sabonete pode deixá-la irritada. Os sintomas mais notórios de que a pele anda fragilizada são ardência, vermelhidão e ressecamento. Mas é bom, ao menor sinal, procurar um médico para se certificar sobre o que anda acontecendo com ela, porque só o exame físico junto com a anamnese poderá confirmar sua sensibilidade extrema.

Qualquer pessoa pode ser obrigada a conviver com esse órgão melindroso. Só que sua manifestação é bem mais comum nos alérgicos e em quem possui pele clara. “A pessoa pode ter alergia e não ter pele sensível ou pode ocorrer o contrário também: ter pele sensível e não ser alérgica a nada. Mas é bem mais comum aos alérgicos, principalmente os que possuem dermatites atópicas, seborréicas, de contato e rosácea, desenvolverem o quadro”, revela a dermatologista Beatriz Avè. A diretora científica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, Joana D’Arc Diniz, explica que o paciente pode apresentar os sintomas ao usar um certo cosmético em uma parte do corpo e não ter a mesma reação ao aplicar em outra. “Não existe uma reação alérgica, apenas uma intolerância ao produto quando em contato com determinada parte do corpo, que pode ser qualquer uma, mas é muito mais freqüente na face. Por isso que certos tipos de dermatites favorecem a sua manifestação”, afirma Joana D’Arc.

Apesar de parecer temperamental, ela não tem culpa de se irritar facilmente. Pois, na verdade, são algumas substâncias que a levam a essas reações. “Existem algumas substâncias que podem induzir o surgimento da sensibilidade como o metilparabeno e o laurilssulfato de sódio, muito comum em sabonetes e xampus”, informa Beatriz Avè. Sendo assim, com o passar do tempo, a sensibilidade da pele pode ser despertada ao menor toque de algum creme. “Além das substâncias, certas circunstâncias como pós-peeling facial ou corporal, tratamentos com ácidos tópicos, que provocam descamação, e pós-cirurgia também podem deixar a pele sensível”, revela Joana D’Arc.

O ideal, então, é tomar alguns cuidados para evitar a piora do quadro. Para começar, Beatriz Avè recomenda o uso de um fotoprotetor, porque a pele também é sensível às agressões do meio. Outra medida importante é a hidratação para evitar que resseque e, por conseqüência, repuxe e cause incômodo. “Os produtos usados devem ser sempre hipoalergêncios, inclusive a maquiagem. Cremes antiidade e peelings também devem ser usados sob orientação médica, porque podem irritar mais ainda a pele. Geralmente esses tipos de tratamentos para pessoas com pele sensível são feitos com produtos mais suaves e a ida ao consultório se torna obrigatoriamente mais regular, para o acompanhamento das reações”, diz Beatriz.

A médica Joana D’Arc também aconselha o uso de produtos que tenham fórmulas com substâncias descongestionantes e antiirritantes e que sejam sem álcool, pigmentos ou corantes. O perfume dos produtos, para evitar irritações, deve ser pouco ou nenhum. E o sabonete deve ser substituído por leites ou loções de limpeza. “Mas o fundamental é, sempre antes de usar qualquer produto pela primeira vez, fazer o teste de sensibilidade chamado de teste de irritação dérmica. Para fazê-lo, basta aplicar o produto na parte interna do antebraço por alguns dias, observando o possível aparecimento de alguma manifestação da pele”, finaliza Joana D’Arc.