Foi-se o tempo em que casamento era um compromisso “até que a morte os separe”. É cada vez mais comum encontrar ‘ casamenteiros de plantão‘, pessoas que trocam alianças não uma, mas duas, três vezes ou mais ao longo da vida. Seja pela maior facilidade do divórcio, por desapego ao comprometimento ou busca incessante pela relação idealizada, o fato é que as uniões estão com prazos de validade cada vez mais curtos.
Um dos exemplos mais célebres é o cantor Fábio Jr., o Don Juan brasileiro, que já subiu ao altar seis vezes. Sua mais recente ex-mulher é a modelo e atriz Mari Alexandre, com quem ficou por quase três anos, até a separação anunciada em junho. Antes de Mari, o galã teve um casamento de 135 dias com outra loira, a socialite Patrícia de Sabrit, atualmente numa relação estável. Ela diz que a experiência com Fábio foi válida… para descobrir o que não quer para a sua vida.
“Sou romântica, gosto de pensar que as pessoas ainda acreditam na instituição casamento. Eu acredito. Estou com o pai do meu filho há cinco anos e estamos indo muito bem. Claro que com altos e baixos, como todo mundo, mas lutando para manter a relação. Tirei uma ótima lição do casamento com o Fábio, meu primeiro e ainda único, já que desta vez não casei no papel”, diz Patrícia. Ela concorda que haja menos tolerância entre os casais, mas não menos esforço: “Meus pais são casados há 37 anos e acho isso lindo!”.
A busca pelo novo
A constante busca por novas experiências é, para o psicólogo da UFRJ Anderson Nunes Pinto, um dos principais motivos para os casamentos múltiplos. “Tem a ver com uma característica do nosso tempo. As pessoas estão em busca de experiências e aventuras novas. Hoje em dia é tudo muito volátil. A modernidade coloca em xeque tudo o que é absoluto. Antigamente o casamento era considerado uma instituição inviolável. Hoje só é visto como uma possível experiência para um relacionamento”, explica. “Esse comportamento se assemelha ao consumismo da sociedade capitalista. As pessoas experimentam umas às outras, se gostarem elas ficam, se não a vida segue. A predisposição para construir um relacionamento duradouro diminui consideravelmente”.
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Para Patrícia de Sabrit, mãe de Maximilian, de 3 anos, fruto de sua relação com o empresário belga Michael Hansen, o enlace está mais atrelado à felicidade do que antigamente. “A mulher era mais submissa e levava esta condição ao relacionamento. Isso significa que nem sempre era feliz, mas se conformava. Hoje a mulher está mais independente, inclusive financeiramente. Para os homens é a mesma coisa. Vão atrás daquilo que os satisfaz”, acredita ela. De Sabrit resiste à velha teoria de que os pais ficam presos a uma relação malsucedida por conta dos herdeiros: “Filhos hoje em dia não seguram casamento, até psicólogos são da opinião de que para eles mais vale pais felizes separados do que infelizes e brigando constantemente na sua frente”.
A eterna busca pelo romance dos sonhos também é causa recorrente das alianças que não dão certo. O psicólogo da UFRJ observa que a paixão não é suficiente para fortalecer e sustentar o compromisso. “Eu vejo que existe muita idealização. A maioria dos casais pensa que o relacionamento vai durar única e exclusivamente pela paixão inicial, o que não é verdade. Esse pensamento é influenciado muito pela mídia, pelas novelas e filmes. O problema é que a paixão é um fator de momento, se não existirem outras características que possam sustentar o casamento, como objetivos de vida semelhantes, compreensão e respeito, vai acabar fracassando”, alerta.