As conchas de amamentação são peças de plástico em forma de disco, com um orifício esférico central para abrigar os mamilos, deixando-os mais saliente e que, supostamente, favoreceria o aleitamento materno. Mas ao contrário do que divulgado no passado, o dispositivo não é útil e tampouco é recomendado por especialistas.
Concha de amamentação: para que serve
De acordo com Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), entre todos os dispositivos auxiliares de aleitamento materno, as conchas de amamentação são as que menos possui dados de literatura médica para receber indicação de uso.
As conchas de amamentação, no passado, eram indicadas para ajudar na formação do bico entre mulheres com mamilo plano ou invertido e para aumentar a produção de leite.

Para fazer bico
Ao provocar pressão sobre o mamilo, a concha de amamentação supostamente ajudaria na formação do bico e, consequentemente, facilitar o aleitamento. O que ocorre, na verdade, é que o dispositivo enche a região de leite, algo que pode até prejudicar a pegada do bebê.
Para aumentar produção de leite
A concha de amamentação pode, em alguns casos, aumentar a produção de leite, o que não necessariamente indica algo positivo. A medida pode alterar a composição do alimento, causar vazamento e até mesmo deixar o leite empedrado, maior causa de mastite.

Concha de bico: desvantagens
O acessório, portanto, oferece mais desvantagens do que vantagens, sendo, inclusive, contra-recomendado pelo Ministério da Saúde.
Traumas nos mamilos
De acordo com a médica neonatologista Maria Beatriz Reinert do Nascimento, a pressão mantida durante o uso das conchas pode traumatizar o mamilo, principalmente se deixada por longos períodos, como durante o sono, por exemplo.
Vazamento
Como estimula excessivamente as mamas com pressão, a concha pode provocar vazamento exagerado de leite materno.
Empedramento do leite
O uso de concha de amamentação pode ainda causar o empedramento (ingurgitamento mamário) ao aumentar os riscos de bloqueio de ducto.
Infecções
As conchas de amamentação podem atrapalhar a higiene do seio, deixando os mamilos constantemente úmidos, favorecendo a proliferação de fungos, como o da candidíase, por exemplo, que podem afetar a saúde da mãe e o bebê.
Como NÃO usar concha e amamentar direito

Apesar de ser considerado um momento de extrema importância, a amamentação muitas vezes é desafiadora para grande parte das mulheres, principalmente porque poucas recebem orientação sobre o processo durante o período pré-natal.
A neonatologista da Maternidade Pro Matre Paulista, Dra. Monica Carceles, afirma que as mães devem aproveitar o período do pré-natal para aprender o máximo que puderem sobre a amamentação. A profissional ainda dá dicas valiosas de como amamentar direito, evitando dores e desconfortos.
De acordo com a médica, antes mesmo do parto, as gestantes podem tomar banhos diários normalmente, mas sem esfregar os mamilos. As massagens vigorosas e com efeito abrasivo na pele devem ser evitadas.
As glândulas de Montgomery, presentes na aréola, liberam uma secreção sebácea que higieniza e lubrifica a pele das aréolas e mamilos, assim, esfregar e lavar demais as mamas elimina esta secreção deixando a pele mais ressecada e sensível.

Alguns especialistas recomendam o uso do sutiã de amamentação com as abas abaixadas, permitindo que os mamilos rocem na roupa o tempo todo, pois este tipo de fricção suave e constante poderia deixar os mamilos mais resistentes.
Sentir dor, ter os seios rachados ou sangrando durante a amamentação é consequência da pega errada do bebê. Para combater esse problema, além de ensinar o pequeno a abocanhar toda a auréola, é preciso deixar as mamas livres, sem sutiã.
Outro truque é alternar os seios na hora das mamadas (mas apenas depois que elas estiverem completamente vazias). Pomadas à base de lanolina são recomendadas e devem ser usadas com orientação médica.
A exposição dos seios ao sol por cerca 15 minutos, antes das 10h ou após as 16h, é recomendado pelos especialistas por deixar os mamilos e as aréolas mais resistentes, diminuindo assim as chances de rachaduras e machucados na região.
Nos primeiros dias após o nascimento do bebê, a mulher produz mais leite do que a criança consome. Esse excesso cria nódulos nos seios e axilas que doem e incomodam.
Quando a produção natural de leite é muito grande, pode até causar inflamação nas mamas e, para evitar que o leite fique empedrado, a mulher pode retirar o excedente durante o banho, fazendo massagens nos seios, ou extraindo o leite manualmente e com bombinhas tira-leite.
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