Manobra para acelerar o parto não é mais recomendada e coloca mãe e bebê em risco

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No último domingo (9), Shantal Verdelho falou ao “Fantástico” pela primeira vez após o vazamento de vídeos de seu parto e áudios em que relatava se sentir vítima de violência obstétrica. Além de reforçar seu ponto de vista durante a entrevista, ela apresentou imagens que impressionaram, mostrando, por exemplo, o uso da manobra de Kristeller.

O método antigo, embora acelere o nascimento, não é mais indicado e ainda pode oferecer grandes riscos à mãe e ao bebê. Entenda:

Parto de Shantal Verdelho

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Mãe de dois, Shantal Verdelho está vivendo o seu segundo puerpério diante de um drama. Após baixar a emoção da chegada de Domênica, a influenciadora digital assistiu ao vídeo de seu parto e relatou ser vítima de práticas que não são recomendadas e podem se enquadrar em um caso de violência obstétrica.

Bastante assustada com o que passou, ela chegou a compartilhar com amigas os detalhes de sua experiência e, foi então, que teve seu caso exposto para todo o Brasil. Após um vazamento dessas imagens e de seus áudios, Shantal se tornou um dos rostos da luta contra esse tipo de prática.

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Até o momento, Shantal só havia disponibilizado o vídeo para as autoridades públicas. No entanto, para o programa dominical da Globo, a influenciadora cedeu imagens do momento em que o seu obstetra opta por realizar a manobra de Kristeller, técnica usada para acelerar o nascimento do bebê.

Sob orientação do obstetra, quem pressiona a barriga da influenciadora é um profissional que estava auxiliando o parto.

“Minha barriga foi pressionada desde o momento que ele chegou (…) Inclusive, eu reclamei que tava doendo. Quando você assiste aos vídeos, você vê ele tremendo de tanta força que ele faz contra a minha barriga”, lembra.

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Em seu perfil no Instagram, ela afirmou ter consciência de que a manobra não era indicada, mas que se encontrava em um momento de muita vulnerabilidade. “Quem em sã consciência deixa um médico subir na sua barriga? Sabendo que aquilo poderia estar machucando a minha bebê? Imagina o desespero que não foi pra minha bebê a saída dela da minha barriga. Do nada ela já está em um lugar apertado e tem alguém apertando ela daquele jeito”.

Shantal ainda afirmou ter se sentido muito culpada. “Eu sabia que aquela manobra não é indicada mais e que ela pode machucar o meu bebê, me machucar, mas nessa hora eu nem tava me importando com isso, eu tava me importando com a saúde da minha filha”, completa.

O que é manobra de Kristeller?

Descrita pelo ginecologista alemão Samuel Kristeller, em 1867, a manobra consiste “na aplicação de pressão na região superior do útero com objetivo de facilitar a saída do bebê”, como explica Dr. José Moura, ginecologista e obstetra do Hospital Anchieta de Brasília. No entanto, não há evidência alguma de que ela apresente benefícios durante o parto.

“Um acompanhamento de parto sendo realizado de maneira satisfatória, com um apoio constante, ausculta de seu bebê sendo realizada rigorosamente, gestante livre para ficar na posição que considerar mais confortável e informá-la sobre sua evolução fazem com que essa manobra não seja lembrada”, explica o especialista.

Riscos da manobra de Kristeller

Além de não oferecer benefícios, a manobra de Kristeller ainda pode apresentar riscos à mãe e ao bebê e, exatamente por isso, ela já foi banida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), como explica Sergio Miqueleti, ginecologista do HSANP.

O médico alerta para os riscos que a técnica pode oferecer à gestante:

  • Fratura da costela;
  • Aumento do risco de hemorragias;
  • Laceração do períneo;
  • Descolamento da placenta;
  • Dor abdominal;
  • Ruptura de órgãos como baço, fígado e útero

Já para o bebê, os riscos são de hematomas encefálicos, fratura de clavícula e crânio e convulsão.

Caso Shantal