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Quando a cabeça não desliga da comida: o que é o “Food Noise” e como lidar?

O termo “food noise”, popularizado nas redes sociais recentemente, descreve os pensamentos intrusivos e persistentes sobre comida que ocupam a mente ao longo do dia e podem levar a escolhas impulsivas, episódios de compulsão e culpa.

Dessa forma, a nutricionista e pesquisadora Sophie Deram traz ao debate uma visão baseada em ciência e compaixão: “Não é ‘frescura’ nem falta de força de vontade; é biologia, ambiente e comportamento interagindo o tempo todo”, diz ela.

Food Noise: o que é o “ruído alimentar”?

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(Créditos: Freepik)

O conceito de Food Noise, ou seja, “ruído alimentar”, é usado para descrever um “barulho mental” constante ligado à comida.

Ele envolve a interação entre o cérebro, os estímulos do ambiente e hábitos construídos ao longo do tempo, especialmente em pessoas em restrições alimentares e preocupadas com a comida.

“Alimentos ultraprocessados, por exemplo, tendem a amplificar o ruído por sua alta palatabilidade e acesso facilitado, junto com as imposições em tentar evitar o consumo”, explica Sophie. 

Embora medicamentos da classe GLP‑1 – próprios para perda de peso – estejam sendo estudados por reduzir a predição de recompensa e apetite em alguns casos, Sophie ressalta que eles podem anestesiar esse ruído, mas não são a única via.

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(Créditos: Freepik)

Isso porque abordagens comportamentais e ambientais seguem fundamentais, e devem ser personalizadas por equipe de saúde. 

“O caminho não é restringir mais — é reconstruir uma relação segura com a comida e com o corpo, ajustando ambiente, rotina, sono e estresse, e trazendo o prazer de volta ao prato”, explica a especialista em terapia nutricional.

Como identificar se você sofre com ruído alimentar

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(Créditos: Freepik)

Entre os sinais que podem indicar a presença de Food Noise estão:

  • Pensar grande parte do dia em comida (ou no que “não deveria” comer);
  • Sentir culpa após comer e buscar compensação;
  • Ter episódios de fome urgente diante de estímulos alimentares;
  • Perceber piora em momentos de estresse, cansaço ou noites mal dormidas;
  • Notar que dietas muito restritivas intensificam ainda mais esse ciclo. 

A boa notícia é que existem estratégias práticas e baseadas em evidências para “baixar o volume” desse ruído. E a reconexão com o corpo e os sinais internos de fome, saciedade e consciência alimentar são finadamentais para essa reconstrução.

“Prazer, presença e prática: este é meu tripé. Quando o comer volta a ser prazeroso e conectado aos sinais do corpo, o Food Noise perde espaço”, finaliza Deram.

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