Importante organização diz: está na hora de passarmos a comer cacto, alimento do futuro

Para a FAO (Food and Agriculture Organization, braço para alimentação da ONU), não resta dúvidas: está na hora de incluirmos o cacto em nossas dietas. Depois de publicar estudos relevantes que exaltaram as qualidades nutritivas de alimentos como mandioca e quinoa, a entidade agora aponta a planta como um dos alimentos do futuro.

Em uma publicação oficial, a FAO destacou os benefícios da espécie opuntia, de origem mexicana e que no Brasil é bastante popular na região Nordeste sob o nome de palma. O texto destaca que a planta deve ser considerada um “bem valioso”, sobretudo para alimentação humana e pecuária em áreas secas.

“As mudanças climáticas e os crescentes riscos das secas são fortes razões para elevar o simplório cacto para o status de uma cultura essencial em muitas áreas”, disse Hans Dreyer, diretor da Divisão de Produção e Proteção de Plantas da FAO.

Por que o cacto é tão especial?

No anúncio, a FAO destaca sobretudo os benefícios do cacto em regiões de climas árido e seco, como uma forma de garantir segurança alimentar para populações em situação de vulnerabilidade.

O relatório cita uma intensa seca em Madagascar, na qual o cacto mostrou-se crucial para garantir a alimentação da população local e de seus animais.

Curiosamente, antes disso houve uma tentativa de erradicar a planta na região, pois é comumente vista como sem serventia.

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E além de fornecer comida, o cacto da espécie opuntia armazena grandes quantidades de água em sua “almofada” freática. A cada hectare, são mantidas até 180 toneladas de água, suficiente para sustentar cinco vacas adultas – quando há seca, a taxa de sobrevivência do gado é muito maior em fazendas com cactos.

Onde se planta este tipo de cacto?

O Brasil é um dos pontos de mais larga plantação de cactos do mundo – aqui, contudo, seu uso é quase exclusivo para a alimentação de gado. São mais de 500 mil hectares da planta.

Com uma longa tradição de consumo de cactos, o México é o número um: entre grandes plantações e fazendas familiares, são mais de 3 milhões de hectares. O consumo é alto também. Segundo a organização, cada mexicanos come por anos cerca de 6,4 kg de “nopalitos” (termo local para o produto).

Para ajudar na divulgação da produção e consumo do cacto, a FAO disponibliza gratuitamente o livro Ecologia, Cultivo e Usos de Cactos. A publicação ensina como cultivar a planta, com informações sobre recursos genéticos, preferências de solo e vulnerabilidade às pragas, e também dicas gastronômicas: há receitas tradicionais mexicanas e mais “gourmet” criadas na Itália.

As comidas do futuro